A computação quântica, uma das áreas mais promissoras da tecnologia, tem atraído cada vez mais atenção pelo seu potencial de revolucionar a forma como processamos dados. Empresas como Google, IBM e outras gigantes do setor estão investindo milhões em inovações que podem mudar setores inteiros. O Google, com seu Sycamore e mais recentemente o chip Willow, está na vanguarda dessa transformação, ultrapassando as fronteiras do que pensávamos ser possível em termos de poder de processamento e redução de erros.

Em 2019, o Google alcançou um marco histórico com o Sycamore, seu chip quântico de 54 qubits, ao conseguir realizar em apenas 200 segundos cálculos que levariam 10 mil anos para serem feitos pelos supercomputadores mais rápidos da época. Esse feito, denominado “supremacia quântica”, demonstrou como a computação quântica pode superar os limites dos sistemas tradicionais, abrindo portas para novas formas de resolver problemas complexos em áreas como simulações moleculares e otimização de processos. Este avanço foi validado com o uso de um benchmark de alta complexidade, o Random Circuit Sampling (RCS), que mede a fidelidade de qubits em tarefas específicas.
O mercado de computação quântica, que é estimado para atingir US$ 125 bilhões até 2030, continua a expandir a um ritmo acelerado. Com uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 30%, empresas estão se posicionando para explorar as vantagens dessa tecnologia para resolver desafios que seriam inviáveis para os supercomputadores atuais. No entanto, apesar de todo o potencial, a tecnologia ainda enfrenta desafios significativos, especialmente em relação à escalabilidade e à taxa de erros dos qubits.
O Sycamore, com seus 54 qubits, enfrentou uma alta taxa de erros, já que qubits são altamente sensíveis a interferências externas, como radiação e flutuações de temperatura. Cada qubit pode falhar em uma taxa de 1 a cada 100, enquanto em um supercomputador clássico, a taxa de erro é de 1 em 1 bilhão. O Google, no entanto, conseguiu reduzir essa taxa de falhas com um controle mais preciso sobre os qubits, um passo importante para tornar a computação quântica mais viável para aplicações reais.
Em 2024, o Google revelou o chip Willow, um novo avanço que não só melhora o desempenho da computação quântica, mas também resolve um dos maiores desafios da área: a correção de erros. O Willow é capaz de dobrar o número de qubits enquanto reduz pela metade a taxa de erros, uma conquista importante para permitir o uso de sistemas quânticos em larga escala. A pesquisa apontou como os testes realizados pelo Google com o Willow possibilitaram a realização de cálculos em minutos, que no supercomputador mais rápido do mundo levariam bilhões de anos. Esse tipo de desempenho promete trazer mudanças significativas em setores como a criação de novos medicamentos, desenvolvimento de baterias mais eficientes e melhorias em sistemas de IA.
O Google está fazendo progressos substanciais não apenas com o Sycamore e o Willow, mas também com a sua iniciativa mais ampla de pesquisa em computação quântica, com o objetivo de oferecer soluções de “aplicações além do clássico”. A próxima grande meta da empresa é conseguir uma aplicação prática que possa ser usada em problemas do mundo real, onde a computação clássica não tem capacidade de fornecer soluções em tempo útil.
Além disso, a IBM, uma das principais concorrentes do Google, tem se posicionado contra alguns dos feitos alcançados pelo Google, sugerindo que as alegações de supremacia quântica são exageradas. A empresa argumenta que, embora o Sycamore tenha superado os supercomputadores em tarefas específicas, a computação quântica não deve ser vista como um substituto para a computação clássica, mas sim como uma ferramenta complementar.
Com a computação quântica se aproximando de uma maior maturidade, espera-se que, nos próximos anos, mais empresas se juntem ao movimento, impulsionando ainda mais o mercado e criando novas oportunidades de negócios.