Serviço por motos atrai milhões de usuários e já supera modelos tradicionais
O serviço de transporte por motocicleta da Uber no Brasil passou a figurar entre os mais relevantes da empresa no mundo. Mesmo com a ausência em São Paulo por falta de regulamentação local, o modelo já superou o volume de corridas de categorias tradicionais como UberX em mercados internacionais, consolidando o país como uma das maiores praças de operação da vertical.
Desde a estreia em Aracaju, em 2020, mais de 20 milhões de usuários brasileiros realizaram ao menos uma corrida por meio da plataforma. A adesão elevada tem relação direta com o custo inferior e o ganho de tempo em deslocamentos urbanos, fatores que tornam o serviço viável em trajetos de curta distância e conexões com transporte público. Em regiões metropolitanas e grandes centros, o Uber Moto é frequentemente utilizado como elo entre bairros periféricos e estações de metrô e trem.
Segundo a Uber, o número de viagens diárias via motocicleta em cidades brasileiras coloca o país entre os dez maiores mercados globais para a vertical. A diretora da operação de motos no Brasil, Laura Lequain, afirma que, se considerado como unidade independente, o Uber Moto nacional estaria entre os líderes globais em volume de uso, superando até mesmo serviços consolidados de transporte por carro em diversas localidades.
A ausência em São Paulo é tratada pela companhia como um entrave pontual. A prefeitura da capital vetou o funcionamento do serviço com base em um decreto de 2023 que proíbe transporte remunerado de passageiros em motos via aplicativos. Em janeiro de 2025, a 99 chegou a lançar o serviço na cidade, seguida pela Uber dias depois, mas ambas foram notificadas a interromper as operações.
As plataformas argumentam que a regulamentação municipal não pode se sobrepor à legislação federal 13.640, de 2018, e à Política Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012, que reconhecem a atividade de transporte por aplicativo. A Uber sinalizou disposição para negociar uma regulamentação local e estuda caminhos para relançar o serviço na capital paulista.
A operação do Uber Moto no Brasil é estratégica para o plano global da empresa. A adesão à modalidade em mercados emergentes vem sendo usada como base de expansão e teste de novos formatos operacionais. O CEO global da companhia, Dara Khosrowshahi, chegou a citar o serviço brasileiro como exemplo em evento do BTG Pactual, indicando a relevância do modelo para os negócios da empresa.
A disputa em torno da regulamentação deve continuar em 2025. Enquanto isso, o serviço avança em outras capitais e regiões metropolitanas, consolidando sua presença com alto volume de usuários, operações recorrentes e estrutura de baixo custo.