Empresa reverte queima de caixa e mira execução com geração operacional
A Viveo, grupo de distribuição do setor de saúde, encerrou 2024 com R$ 1 bilhão em prejuízo não caixa, valor que reflete o impacto final do processo de reestruturação iniciado após uma série de aquisições. Desse montante, R$ 390 milhões correspondem a provisões tributárias relacionadas ao Difal, com impacto efetivo de menos de 10% no caixa. Outros R$ 283,5 milhões referem-se a baixas contábeis e provisões diversas, enquanto R$ 348,3 milhões são relativos a ajustes de M&As e conciliações.
O prejuízo ajustado no quarto trimestre foi de R$ 50,2 milhões. Apesar do resultado negativo, a empresa conseguiu reverter a tendência de queima de caixa observada no ano anterior. Após consumir R$ 893 milhões em 2023, a Viveo gerou R$ 206 milhões de caixa operacional ao longo de 2024. A receita líquida no último trimestre somou R$ 2,9 bilhões, com variação de 1,1% sobre igual período de 2023.
A companhia também iniciou uma reorganização de seu capital de giro. O ciclo de caixa, que havia subido de 29 dias no fim de 2022 para 63 dias no mesmo período de 2023, recuou para 52 dias ao final de 2024. O ajuste foi conduzido por meio da gestão de estoques e contas a pagar. A próxima etapa é o reenquadramento do contas a receber, com meta de estabilização até o segundo semestre de 2025.
As despesas gerais e administrativas caíram 12,5% no quarto trimestre, totalizando R$ 198 milhões frente aos R$ 227 milhões registrados no mesmo período do ano anterior. A companhia também reportou um retorno sobre o capital investido (ROIC) de 10,9%, com projeção de evolução contínua ao longo de 2025. Os principais fatores para o crescimento do indicador são o foco em unidades de maior margem, controle de despesas e estabilidade do capital de giro.
Entre as quatro verticais de negócio da Viveo — hospitais e clínicas, vacinas e laboratórios, varejo e serviços — o maior avanço foi registrado em vacinas e laboratórios, com crescimento de 24,4% no ano. Segundo a empresa, a estratégia atual não envolve novas aquisições, mas sim execução operacional com base no portfólio já consolidado.
A alavancagem financeira da empresa atingiu 4,28 vezes a relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado, acima do covenant de 3,5 vezes pactuado com credores. Um waiver de 12 meses foi acordado com os debenturistas, incluindo compromissos como a suspensão do pagamento de proventos em 2025, limitação de gastos em capex a R$ 175 milhões e manutenção do registro da companhia na CVM.
A Viveo também iniciou o processo de sondagem de mercado para possível desinvestimento da Cremer, empresa adquirida em 2017 por R$ 500 milhões. A operação está sob responsabilidade do Itaú BBA e integra a estratégia de ajuste de portfólio dentro da vertical de varejo.
Na B3, a ação VVEO3 acumula queda de 24,9% em 2025 e recuo de 76,6% nos últimos 12 meses. O valor de mercado atual da companhia é de R$ 487,5 milhões.