A Slate Auto estreou no mercado de veículos elétricos dos Estados Unidos com uma estratégia de produto centrada em acessibilidade, modularidade e custos operacionais reduzidos. Apoiada por investidores como Jeff Bezos e Mark Walter, a empresa revelou um modelo de entrada com proposta decididamente oposta à abordagem high-tech das líderes de mercado. A caminhonete elétrica da Slate tem preço estimado abaixo de US$ 20 mil — já considerando incentivos fiscais — e será produzida em Indiana com entrega prevista para o final de 2026.
A estrutura do modelo é simplificada: tração traseira com motor de 150 kW, bateria padrão de 52,7 kWh com autonomia de 240 km e opção de upgrade para 385 km. A caçamba de 1,5 m, a capacidade de carga útil de 630 kg e o frunk de 2,1 m³ sinalizam um projeto funcional voltado para o uso urbano e regional, mais próximo do Ford Maverick em dimensões do que das picapes de grande porte. A capacidade de reboque, limitada a 450 kg, reflete o foco em eficiência e baixo custo, e não em força bruta.
Com 443,5 cm de comprimento e 273,5 cm de entre-eixos, o Slate EV é menor do que os modelos de entrada da Ford, o que reduz custos logísticos e amplia o apelo para mercados com infraestrutura limitada. O modelo não é pintado de fábrica e vem com vidros manuais e itens básicos obrigatórios por regulação. A personalização se torna o eixo econômico do negócio: a empresa oferece mais de 100 acessórios e kits modulares, incluindo conversão para SUV, racks, iluminação, sistemas multimídia e envelopamentos. Tudo pode ser feito pelo cliente ou por parceiros da Slate, reduzindo dependência de oficinas e pós-venda tradicionais.
O modelo de receita combina venda direta com margem enxuta e monetização posterior via upgrades e pacotes de personalização. A empresa já captou mais de US$ 111 milhões e opera com uma equipe de quase 400 pessoas. A Slate University, centro de conteúdo da marca, oferece tutoriais para instalação dos módulos, o que reduz atrito na experiência do consumidor e amplia o ticket médio por cliente.
Com um mercado global de veículos elétricos que superou US$ 900 bilhões em valor estimado em 2024 e crescimento médio de 10% ao ano, a Slate busca se posicionar como uma alternativa escalável no segmento de entrada. Em um cenário em que montadoras como Rivian e Lucid Motors enfrentam dificuldades para tornar seus modelos rentáveis, a abordagem da Slate aposta em simplicidade, produção nacional e expansão orientada por comunidade para tentar ocupar um espaço viável entre volume e personalização.