Compartilhe com sua comunidades

O Futuro Não Fala Inglês

No palco do WebSummit Rio, três fundadores de startups em hiper crescimento, entrevistados por Vanessa Dezem da Bloomberg, davam a senha do que estava por vir, Clara, DataSniper e ReadAI. Três nomes, três setores diferentes, três respostas para uma pergunta que, no fundo, todos ali carregavam no bolso, “O que faz uma empresa crescer tão rápido enquanto o mundo desacelera?”

Jerry Jacoman, CEO da Clara, sorriu e entregou o primeiro segredo, criar um produto que nasce da dor local, para resolver uma necessidade real, de dentro para fora. Fazer um cartão corporativo no Brasil não é apenas fazer um cartão, é integrar Pix, boleto, parcelamento, é entender a alma de quem vai usar. Crescer rápido, então, é consequência de fazer sentido.

Depois veio Vidya Peters, da DataSniper, mostrando que enquanto o mundo tenta desacelerar, a auditoria, aquele setor considerado chato e invisível, virou o centro nervoso da transformação. Quando há menos contadores formados e mais regras surgindo, a tecnologia deixa de ser uma opção e passa a ser a única saída. Automatizar deixou de ser inovação, virou sobrevivência.

Por fim, David Shim, da ReadAI, trouxe a cereja do bolo, a inteligência artificial invadiu as reuniões. Se antes gastávamos horas entre planilhas e atas, agora um robô escuta, resume e entende o humor de quem fala. O Brasil, ávido por eficiência, virou um terreno fértil para crescer 30% ao mês, em silêncio, enquanto muita gente ainda resmunga sobre “o fim dos empregos”.

Mas havia algo mais nas entrelinhas. Algo que nem as startups, nem os investidores disseram com todas as letras, a América Latina cansou de esperar ser “o futuro promissor”. Agora ela quer ser o presente incontornável. Um continente inteiro com problemas de sobra, mas também com criatividade, ousadia e fome de construir onde o resto do mundo vê risco.

E isso ficou claro quando Jerry lembrou, o que hoje parece uma queda no investimento de venture capital é, na verdade, uma volta à realidade, mais sólida, mais seletiva, menos “oba-oba”. As startups que atravessarem esse vale estreito, focadas em produto real e sustentabilidade financeira, vão sair do outro lado mais fortes. Talvez não unicórnios, mas quem sabe, camelos, prontos para atravessar desertos inteiros.

O futuro já não parece mais um sonho americano ou um devaneio europeu. Parece, cada vez mais, uma construção latino-americana, feita em português, em espanhol, com cafés longos, soluções improvisadas, e uma coragem que poucos conseguem entender do lado de fora.

No meio dos medos globais, guerras comerciais, recessão americana, inflação, a pergunta mudou. Não é mais se devemos apostar na América Latina.

A pergunta agora é, quem vai ter coragem de ficar de fora?

Marco Marcelino

Informação valiosa, 
no tempo certo

Assine nossa newsletter

Anúncio

Na noite do lançamento da SP2B, em São Paulo, 240 pessoas se reuniram no SP Hall. O clima era de expectativa, como quem assiste ao nascer de uma estrela. De...
O e-commerce no Brasil não é um ringue de dois. É uma corrida com pelotão denso e pista longa. O Mercado Livre lidera com 13% de participação. A Shopee vem...
Jensen Huang não é qualquer figurinha carimbada do Vale do Silício. Ele é o fundador e CEO da NVIDIA, a empresa que abastece o motor da inteligência artificial moderna. Suas...
A Volkswagen do Brasil está ampliando sua aposta na produção nacional como pilar de competitividade, inovação e geração de valor. Com investimento de R$ 20 bilhões programado para a América...
A Nvidia, empresa que lidera globalmente o fornecimento de chips para inteligência artificial, está no centro de uma disputa geopolítica que combina sanções comerciais, restrições tecnológicas e acusações de segurança...
A OpenAI alcançou a marca de US$ 1 bilhão em receita recorrente mensal, dobrando o resultado registrado no início do ano e consolidando-se como a principal referência global em inteligência...