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O SIM se rendeu ao PIX

Em vez de uma fintech tentando desbancar um player tradicional ou uma operadora defendendo seu território, o que se apresentou foi o oposto, a colaboração real entre dois setores que até ontem se olhavam com distância protocolar telecom e finanças. Talvez não seja novidade, mas agora temos de um lado, o Nubank, que insiste em dizer que não é banco, mas sim uma empresa de tecnologia. Do outro, a Claro, com sua infraestrutura pesada, legada, capilar, presente em quase todos os cantos do país. O que os uniu? Um produto pequeno, invisível ao olho, mas carregado de simbolismo: o eSIM, chip virtual que, pela primeira vez, nasce embarcado num banco digital. Chamaram de NuCel. Não parece muito, mas é.

A parceria marca um movimento global que começou lá atrás, no Quênia, com o Mpesa. Ali, a operadora virou carteira. Aqui, o caminho foi o contrário: a carteira virou operadora. A convergência, no fundo, é a mesma integrar o que, para o usuário, nunca deveria ter sido separado. Numa era em que as pessoas não querem mais saber como algo funciona, mas apenas que funcione, o NuCel tenta eliminar camadas: de burocracia, de suporte, de tempo perdido. A contratação acontece no próprio app do Nubank, com poucos toques. O atendimento, também. Em caso de roubo do celular, o bloqueio da linha e da conta ocorre num só gesto. O tipo de coisa que parece óbvia, mas que só existe quando alguém decide repensar tudo do zero.

Esse é talvez o principal mérito da iniciativa: ela não encaixa telecom num produto financeiro, nem o contrário. Cria uma nova jornada, construída em conjunto, com times misturados, prazos reduzidos e, como destacaram os executivos no palco, com humildade para reconhecer o que o outro sabe fazer melhor.

No palco, Lívia Chanes, CEO do Nubank no Brasil, e Rodrigo Marques, diretor de Inovação e Novos Negócios da Claro, explicaram como a parceria nasceu da convergência entre duas expertises distintas: a fluidez digital de uma fintech com mais de 100 milhões de clientes e a robustez técnica de uma operadora que investe bilhões em infraestrutura. Ambos destacaram que o sucesso do NuCel veio da troca real entre equipes integradas desde o início e de um compromisso compartilhado com a simplicidade e o foco no cliente inclusive em situações limite, como o bloqueio simultâneo da linha e da conta em caso de roubo.

Claro aprendeu sobre agilidade. Nubank aprendeu sobre rede. E, no processo, redescobriram que a maior inovação nem sempre está na tecnologia, mas na forma como se escuta e se responde às dores de quem paga a conta. As dores, aliás, foram o ponto de partida. Dificuldade de entender planos. Dificuldade de acompanhar cobranças. Atendimento fragmentado. Falta de integração em casos de emergência. São problemas antigos, que seguem sem resposta em boa parte das operadoras mas que aqui foram tratados como oportunidade de reinvenção.

Não é uma revolução com fogos. É silenciosa, gradual, ainda em fase alfa, restrita a uma base selecionada de usuários. Mas tem algo de ensaio para o futuro. Um futuro onde empresas não brigam pelo protagonismo, mas somam competências. Onde bancos não se limitam ao dinheiro e operadoras não se resumem a sinal. Onde o produto é só o começo de algo maior, o desmonte das fronteiras entre setores.

NuCel não é só um chip digital. É o sinal de que, ao invés de competir por fatias, talvez o caminho mais inteligente seja derreter as paredes e construir juntos o que vem depois.

Marco Marcelino

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no tempo certo

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