A Bradesco Asset Management acaba de inaugurar sua atuação no segmento de special situations com a captação de R$ 215 milhões para seu primeiro fundo de fundos (FoF) dedicado exclusivamente a essa estratégia, voltado ao público private e investidores institucionais. Batizado de Explorer Discovery Special Situations FIC FIM, o produto superou a meta inicial de R$ 200 milhões e já alocou quase metade do capital em quatro gestoras especializadas: Lumina, Prisma Capital, IG4 Capital e SPS Capital (da Vinci Partners).
A tese central do fundo é buscar retornos descorrelacionados das variações macroeconômicas por meio de três subestratégias: capital solutions (alocação de 50% a 70% do portfólio), ativos judiciais (20% a 40%) e distressed equity (até 15%). A meta de retorno líquido do fundo é de CDI +8% a 10% ao ano, com horizonte de investimento médio de quatro anos. O ticket mínimo para investidores institucionais foi estabelecido em R$ 1 milhão, enquanto pessoas físicas qualificadas podem entrar com a partir de R$ 10 mil.
A entrada do Bradesco consolida a institucionalização do mercado de special situations no Brasil, que saltou de cinco gestoras há dez anos para 48 mapeadas atualmente. A demanda vem na esteira do crescimento de 40% nos pedidos de recuperação judicial em 2024, e da diversificação das oportunidades para além de empresas em crise, incluindo precatórios e estruturas de crédito personalizadas. A estrutura do fundo permite acesso a ativos que exigem aportes mínimos acima de R$ 5 milhões, normalmente inacessíveis ao investidor individual.
Segundo a Preqin, o segmento global de special situations movimentou cerca de US$ 500 bilhões em 2022 e deve dobrar até 2026, acompanhando a expansão do mercado de ativos alternativos, que saiu de US$ 18,78 trilhões em 2023 para uma expectativa de US$ 30 trilhões até o fim da década. No Brasil, a tendência é similar, com crescimento das classes de infraestrutura, imobiliário e crédito estruturado.
O movimento da Bradesco Asset se insere na estratégia iniciada em 2020 para ampliar sua atuação em produtos alternativos. Em 2022, o banco lançou um FoF de private equity e venture capital que captou R$ 250 milhões, seguido por um fundo de hedge funds em 2023. O plano é continuar oferecendo soluções de diversificação com liquidez e complexidade ajustadas ao investidor local, que passou a exigir retornos mais sofisticados sem abrir mão de mecanismos de proteção.