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Computação Quântica entra no radar dos bancos e transforma o debate sobre inovação no Brasil

2025 foi oficialmente batizado como o ano quântico, não por acaso. Cem anos após o nascimento da mecânica quântica, a tecnologia que um dia pareceu ficção científica começa a ganhar contornos reais no mercado, especialmente no setor financeiro. E, ao que tudo indica, bancos brasileiros como Itaú e Santander não querem apenas assistir da arquibancada: querem jogar.

Durante um painel promovido pela Febraban, especialistas de peso debateram as aplicações da computação e da comunicação quântica no Brasil, com foco em segurança, otimização e educação. A moderação ficou por conta da professora Bárbara Amaral (USP), que conduziu conversas com Samuraí Brito (gerente de ciência de dados e líder em quântica no Instituto de Ciência e Tecnologia do Itaú), Vander Cunha (diretor do First Digital Service do Santander) e Valéria Loureiro (coordenadora do centro de competência QuIN, no SENAI Cimatec).

No Itaú, Samuraí relatou experimentos em alocação de portfólio com algoritmos quânticos. Embora os modelos clássicos ainda estejam à frente em termos de eficiência prática (alguns problemas foram resolvidos em 2 segundos com algoritmos clássicos versus 71 minutos em hardware quântico), a busca pelo mindset quântico já traz benefícios indiretos. “Pensar com algoritmos quânticos faz você descobrir soluções melhores mesmo no mundo clássico”, afirmou.

Já no Santander, a prioridade é segurança. Vander explicou os esforços do banco em migrar seus sistemas para protocolos criptográficos pós-quânticos, antecipando uma possível ameaça dos computadores quânticos à segurança digital. O banco participa de fóruns internacionais como o Quantum Safe Financial Forum, colaborando com instituições como o NIST (EUA) e Europol para definir os novos padrões de proteção digital global.

Valéria Loureiro trouxe uma visão ampliada: as tecnologias quânticas não se limitam à computação. Na verdade, sensores quânticos e comunicação quântica (como a distribuição quântica de chaves) são áreas promissoras com aplicações concretas em defesa, saúde, agricultura, petróleo e gás. O Cimatec, por meio do centro QuIN, já trabalha com mais de 200 alunos em cursos de especialização e aceleração de startups, criando a base técnica e empresarial necessária para a adoção real dessas tecnologias no Brasil.

Enquanto a mídia foca nos riscos de computadores quânticos quebrarem criptografia tradicional, pouco se fala no avanço da criptografia baseada em quântica. A chamada QKD (Quantum Key Distribution) promete segurança inquebrável, já sendo testada na Europa e na China, inclusive em redes comerciais.

Como destacou Samuraí, “não adianta gerar uma chave quântica se o canal for clássico”. A verdadeira inovação está nas redes quânticas de comunicação, onde qualquer tentativa de interceptação destrói a própria mensagem, um conceito revolucionário.

O consenso entre os painelistas foi claro: o Brasil tem base científica sólida, mas precisa investir em três frentes se quiser protagonizar a era quântica:

  1. Educação – formar engenheiros e profissionais que compreendam as lógicas não intuitivas da quântica.

  2. Ecossistema – conectar startups, empresas e academia para gerar valor real.

  3. Ação estratégica – não esperar a maturidade total da tecnologia, mas começar agora os experimentos, parcerias e formações.

Como resumiu Vander Cunha, “o Brasil pode ser protagonista, depende dos brasileiros”.

Gustavo Fleming Martins

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