Empresa projeta expansão impulsionada por backlog de US$ 1,1 bi e parcerias com gigantes como Northrop Grumman e Lockheed Martin
A Firefly Aerospace, uma das estrelas emergentes da nova corrida espacial, oficializou na última sexta-feira (12) seu pedido de IPO junto à Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA, mirando um assento definitivo no mercado de capitais ainda este ano. A listagem ocorrerá na Nasdaq Global Markets, sob o ticker $FLY, e promete agitar o setor, após um período de retração e baixa performance de outras empresas espaciais que buscaram a bolsa via SPACs em 2021 e 2022.
Embora a empresa ainda não tenha divulgado a quantidade de ações nem a faixa de preço pretendida, deixando o valuation final indefinida, o prospecto (S-1) revela números impressionantes e desafios consideráveis. Firefly reportou US$ 55,8 milhões em receita até 31 de março, crescimento vertiginoso em relação aos US$ 8,3 milhões no mesmo período de 2024. A maior parte da receita veio dos serviços de “spacecraft solutions”, especialmente das missões lunares com seu lander Blue Ghost, enquanto os lançamentos espaciais tradicionais representaram apenas cerca de US$ 5 milhões.
Mas hardware espacial é um negócio caro: o custo das vendas atingiu quase US$ 53 milhões, deixando margem bruta modesta de US$ 2,2 milhões. Além disso, Firefly segue no vermelho, com um prejuízo líquido de US$ 231,1 milhões em 2024, ante US$ 135,5 milhões no ano anterior. O primeiro trimestre de 2025 já acumula US$ 60,1 milhões em perdas.
Apesar do déficit, a empresa diz estar preparada para um ciclo de crescimento robusto. Seus números de backlog impressionam: US$ 1,1 bilhão em pedidos futuros, praticamente o dobro do montante registrado um ano antes. Entre os principais impulsionadores estão contratos multi-lançamentos para o foguete Alpha, novas missões lunares com o Blue Ghost, além de uma aliança estratégica com a Northrop Grumman para desenvolvimento do veículo Eclipse, reutilizável e competitivo no segmento orbital. A Firefly também anunciou acordo de até 25 lançamentos com a Lockheed Martin, além da iminente estreia comercial da linha de espaçonaves Elytra, voltada ao transporte orbital.
No campo da governança, a empresa adiantou que pretende operar como uma “controlled company”, permitindo que a AE Industrial Partners, fundo que detém participação majoritária desde 2022, continue exercendo controle relevante mesmo após a listagem.
A decisão de abrir capital vem em um momento delicado para o setor espacial, após o fracasso de várias empresas que ingressaram na bolsa via SPACs. No entanto, a Firefly aposta no crescimento real da demanda, em especial no mercado de defesa e exploração lunar, ancorada por contratos de peso e backlog sólido.
Além disso, a diversificação do portfólio, que vai de pequenos lançadores até serviços de transporte orbital, fortalece sua posição em um mercado que demanda tecnologia de ponta, confiabilidade e capacidade logística integrada.
Se bem-sucedido, o IPO poderá prover o fôlego financeiro necessário para pagar dívidas relevantes (incluindo um empréstimo de US$ 136,1 milhões a 13,87% ao ano) e garantir liquidez para cumprir as entregas bilionárias de seu pipeline.