Era uma vez uma startup europeia chamada Lovable. O nome já dizia muito, como algo que você ama, algo simples, acessível, humano. Mas o que talvez ninguém esperasse é que essa “coisa amável” se tornaria, em menos de 8 meses, uma potência avaliada em 1,8 bilhão de dólares com o carimbo de um dos investidores mais exigentes do mundo dos negócios: Mark Cuban.
Apoiada pela Accel, uma das maiores gestoras de venture capital do planeta, a Lovable não é apenas mais uma plataforma. Ela é a tradução do zeitgeist que estamos vivendo: um mundo onde programar não é mais necessário para empreender com tecnologia. A nova fluência digital agora se chama “prompt”, e o teclado é guiado por voz, por desejo, por intenção.
Pare e pense comigo.
Se uma startup que não existia há um ano já vale quase dois unicórnios, o que isso nos diz sobre a velocidade do futuro? Sobre a morte lenta da barreira técnica? Sobre o fim dos intermediários entre a ideia e a execução?
A Lovable permite que qualquer pessoa sim, qualquer uma, construa um site, automatize uma operação ou lance um app conversando com uma inteligência artificial. Isso não é o futuro. Isso é agora. E o agora está em chamas.
A revolução invisível já começou
O que estamos vendo não é apenas um novo valuation bilionário. Estamos presenciando a fundação de um novo idioma para os negócios. Saber usar ferramentas como a Lovable é, hoje, tão essencial quanto aprender inglês foi nos anos 90 ou programar em Java foi nos anos 2000.
É o nascimento do “no-code powered by AI”.
E aqui vai um dado que amarra tudo isso: segundo a Gartner, até 2026, mais de 80% dos produtos e serviços digitais serão construídos por pessoas que não são profissionais de tecnologia. Ou seja, o mundo está sendo reconstruído por não-programadores. Por empreendedores. Por sonhadores com pressa.
Mark Cuban viu isso antes de virar manchete. Ele aposta em futuros descentralizados, em ferramentas que tiram o poder da elite técnica e colocam nas mãos de quem tem visão, não necessariamente um diploma em ciência da computação.
Do “vale tudo” ao “vale código”
Se antes o empreendedor precisava bater de porta em porta atrás de um sócio programador, hoje ele chama a IA de lado e começa:
— “Crie um MVP pra mim.”
— “Simule o fluxo de usuários.”
— “Teste esse pitch com linguagem emocional.”
Lovable, como outras da sua geração (Replit, Glide, Bubble, Framer), está democratizando o que antes era privilégio. Está tornando o impossível uma conversa. O incômodo está lançado para as agências, freelancers e consultorias que vendiam o que agora cabe em uma assinatura de 49 dólares por mês.
O código morreu? Não. Mas deixou de ser obrigatório.
O novo protagonista é quem entende de negócios, sabe fazer boas perguntas e tem repertório de mundo. O resto, a IA resolve.
E o mercado? Vai seguir separando quem aprendeu a conversar com as máquinas de quem ainda quer ser entendido por elas.