A paralisação parcial das operações da Nexperia, fabricante de semicondutores com sede na Holanda e capital chinês, provocou ajustes nas previsões de entrega de componentes para o setor automotivo europeu. A medida de controle imposta por razões de segurança nacional interrompeu fluxos de exportação equivalentes a aproximadamente R$18 bilhões em 2024, segundo estimativas do setor. A interrupção afeta fornecedores diretos de montadoras como Volkswagen e Stellantis, que dependem de chips de baixo custo para módulos eletrônicos.
A Wingtech Technology, controladora da Nexperia, concentra 9% do mercado global de semicondutores discretos, com receita anual superior a R$52 bilhões. A disputa com o governo dos Países Baixos amplia incertezas na cadeia de valor, já pressionada pela desaceleração no segmento de veículos elétricos. Analistas europeus projetam que a interrupção da Nexperia pode reduzir em até 3% a capacidade produtiva de componentes automotivos na região até o primeiro trimestre de 2026.
O impacto ultrapassa o setor automotivo. Fabricantes de equipamentos industriais e eletrônicos de consumo ajustam estoques diante da possibilidade de alongamento de prazos de entrega em até 45 dias. A Comissão Europeia avalia medidas de flexibilização para evitar ruptura na cadeia, enquanto a China sinaliza abertura parcial de exportações como forma de conter o risco de retração de mercado.