Antes da reforma política que tirou o dinheiro dos empresários das campanhas, qualquer candidato rezava para um Deus, no caso, o marqueteiro, o ser capaz de mudar a opinião pública por meio de seus milagres.
Temendo desobedecê-lo, o candidato, com medo de ser punido nas urnas, seguia à risca todas as instruções dessa divindade quase onipotente, por mais absurdas que fossem. Assim nasceram grandes vitórias e fracassos. Maluf, por exemplo, disse um dia “Se Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim” e com isso provou que arrependimento não mata.
A verdade é que campanhas são verdadeiros calvários para qualquer ser humano normal. A pressão por desempenhar um bom papel, sem erros, e obter os votos necessários é muito grande. Todos têm uma opinião para dar, uma receita mágica para o sucesso, principalmente as pessoas mais próximas do candidato. Os marqueteiros tinham que, além de fazer o trabalho deles, não deixar que outros atrapalhassem.
O fato é que as campanhas brasileiras assemelhavam-se às grandes produções cinematográficas. Programas de televisão em alta definição, com os melhores profissionais e equipamentos. Planos de governo desenvolvidos pelos economistas mais renomados do país. Artistas e influenciadores envolvidos em eventos e na campanha.
Para pagar uma conta desse tamanho, só com a ajuda de empresários, pois o fundo partidário, apesar de polpudo, não consegue cobrir as despesas de comunicação, mobilização e de ordem política.
Boa parte do dinheiro que financiava o Deus acabou. Inclusive, operações da polícia federal acabaram colocando alguns deuses no banco dos réus. É provável que marqueteiros de renome nem venham mais a se envolver com campanhas, agora que a fonte secou.
Como se a tragédia fosse pouca, a barata voa. Isto é, além do fim do financiamento corporativo, o período eleitoral ficou menor e o tempo da propaganda televisiva foi reduzido para meros 35 dias.
Em contrapartida, há o fim de uma limitação importante, a exposição da pretensão de candidatura. Desde 2015, qualquer político pode se pronunciar como possível candidato a qualquer tempo. Portanto…
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