A perda de competitividade da indústria de transformação brasileira, muito agravada pela presente crise econômica, resulta da combinação de uma série de fatores, que corroeu o setor de modo sistemático nas últimas décadas. As causas mais contundentes são a desorganização fiscal e a hiperinflação até meados dos anos 1990; a abrupta abertura comercial dos anos 90, sem as mínimas condições de isonomia; e adoção, a partir do Plano Real, em 1994, do câmbio valorizado e juros elevados como forma de combate à inflação, modelo mantido até os dias atuais. É importante, como alerta, demonstrar os efeitos nocivos da política cambial sobre a competitividade de nossa indústria. Um produto cujo preço fosse de R$ 100 em julho de 1994 custaria hoje, se corrigido pelo IPCA, R$ 550. Se fosse atualizado pelos custos industriais (IPA), teria o valor atual de R$ 679. Por outro lado, se fosse importado, já considerando a recente desvalorização do Real, custaria agora R$ 324. Ou seja, produzir no Brasil ficou muito mais caro do que comprar no exterior (fontes: IBGE, FGV e Bacen). Conter o processo de desindustrialização e recuperar o dinamismo e a capacidade competitiva da indústria de transformação é um dos desafios cruciais do novo governo, pois se trata de fator condicionante à retomada do crescimento …
Por João Guilherme Sabino Ometto
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