As práticas tributárias não são uma área de conhecimento fácil. Elas são repletas de complexidades, tanto técnicas como geográficas, e são extremamente ativas em relação à política. Embora tributos e confiança tenham sido inicialmente concebidos como uma instituição de caráter fiduciário, não parece mais existir uma relação harmoniosa entre eles quando se trata de transparência tributária das empresas.
No passado, as instituições operavam em grande parte com as portas fechadas, literal e metaforicamente; a liderança era ascendente e hierárquica, e não interconectada; o bem maior era definido não pela maioria, e sim pela minoria. No entanto, o mundo mudou. E ele continuará mudando em um nível ainda mais acelerado. Esse antigo modelo causa desconfiança por falta de esclarecimento diante do corpo social. Em consequência disso, as corporações estão perante um desafio: mudar o padrão empresarial antigo, de forma que os principais fatores direcionadores sejam honestidade, transparência e confiabilidade.
Os tributos consistem em uma das questões de confiança mais críticas nos tempos em que vivemos. A opinião pública vê tributos e confiança cada vez mais distantes devido a uma série de escândalos que vêm chamando a atenção. Em um mundo em rápida evolução, cada vez mais transparente e globalizado, sobretudo em face do ambiente tecnológico em que vivemos atualmente, a credibilidade é mais frágil e, certamente, mais fácil de perder e é por isso que as organizações precisam estar mais preocupadas em informar tudo aquilo que, no plano empresarial, possa afetar significativamente os interesses internos e externos.
O padrão convencional – especialmente nos negócios – nos diz para mitigar riscos, evitar vulnerabilidades e silenciar discórdias. Em um modelo mais transparente, se sobressaem os líderes corajosos que seguem o caminho contrário, evitando o uso de práticas adotadas pelo senso comum, compartilhando verdades que algumas vezes causam desconforto e tomando decisões difíceis. Em algumas ocasiões, vão também contra as expectativas das pessoas, mas sendo sempre extremamente honestos.
Os líderes empresariais precisam encontrar coragem para aderir abertamente aos debates, mudanças e riscos na tomada de decisões em prol do interesse público e do bem comum. A nova fase em que vivemos pede por líderes receptivos e de mente aberta, capazes de se adequar às mudanças e dispostos a assumir riscos. E isso é bom para a área de tributos, visto que resgata a confiança não apenas da sociedade, mas também dos investidores.
De um ponto de vista crítico, a transparência permite que outras pessoas participem tanto do processo de discussão quanto do processo da tomada de decisão. Soluções novas e melhores podem ser encontradas por meio de um trabalho em conjunto em prol de um futuro melhor, que possa ser negociado e não imposto.
Por fim, a ocorrência desse tipo de diálogo une escolhas morais e uma liderança corajosa. Se a confiança foi quebrada no ponto onde se dá o encontro entre os negócios, a política e a sociedade civil, discussões novas e honestas serão necessárias. Estimular práticas tributárias responsáveis atesta a existência do novo padrão nos negócios, e sugere a aceitação do fato de que o primeiro passo no reestabelecimento da confiança é incentivar todos a terem uma participação significativa.