É inegável a importância da internet para o mercado da Moda. No Brasil, há 15 anos atrás Camila Coutinho lançava o Garotas Estúpidas e, junto com ele, todo um conceito do que viria a ser a profissão blogueira no futuro. Poucas pessoas poderiam explicar melhor o que é um business digital do que ela. Neste artigo Camila conta a sua experiência, desde quando ela começou com isso, aos 18 anos, até o lançamento de sua marca de beleza agora, aos 33.
As redes sociais têm o benefício incrível de pulverizar narrativas, o que pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. É uma bênção pois todos têm voz, mas é uma maldição porque nem todos deveriam falar sobre tudo. O mundo mudou drasticamente nos últimos 15 anos, Camila é um ótimo exemplo de conceitos que foram construídos nesse período e precisam ser desconstruídos agora, como uso de Photoshop, vergonha do próprio corpo, etc.
Nos últimos anos o preconceito com o termo “blogueira” diminuiu bastante, Camila relata que, esteve tão focada em seu próprio negócio, que acabou passando, não percebendo todos os momentos de preconceito que vivenciou, embora tenha presenciado alguns, tanto por ser uma empreendedora da internet, quanto por ser nordestina.
Camila conta que começou o blog aos 18 como uma brincadeira, e foi o seu pai que a incentivou a levar isso a sério. Esse mercado de influenciadores, de comunicação e moda mudou muito na última década, então, Camila ressalta o quanto precisou se adaptar muito rápido. Ela conta, por exemplo, que a primeira vez que foi na Fashion Week de Paris, notou que precisava mudar o estilo e se preocupar com looks, porque as influenciadoras estão na primeira fila, tiram fotos, não poderia mais ir de jeans e camiseta.
A dica principal para quem está começando agora em digital business é ser o mais original possível, pode ser que a sua esquisitice seja o seu grande trunfo. A perfeição é muito cansativa, mantenha em mente que ninguém sabe tudo e todos temos conhecimento em comum.
As redes sociais precisam ser consumidas com muita clareza, ele é feito para viciar, é preciso entender como elas funcionam. É muito importante reconhecer os seus feitos e se afastar um pouco das mídias sociais ou do celular.
Não é mentalmente saudável que seu primeiro e último estímulo do dia seja o celular. As pessoas precisam se blindar e raciocinar os seus sentimentos. Não controlamos o que sentimos, mas controlamos o que pensamos e os nossos sentimentos vêm no nosso pensamento. Lembre-se de não comparar o seu bastidor com o palco dos outros, para qual caminho você vai.
NETWORKING
Camila sempre teve uma boa inteligência social, que foi uma habilidade desenvolvida ao longo dos anos. O principal conselho que Camila dá para aqueles que precisam desenvolver essa skill e aumentar networking é, respeite a hierarquia, mas lembre-se que somos todos humanos, sempre há caminho para a conexão. Ela relata que está sempre disponível, atenta, e pede para que você seja sempre verdadeiro para que as pessoas confiem em você. O networking tem um timing, você não pode gastar o tempo dos outros porque elas cansarão de você.
Qualquer empreendedor precisa de uma organização mínima, mas a maioria das pessoas que trabalham com criatividade acabam sendo um pouco desorganizadas, Camila aprendeu a usar isso ao seu favor: ela mantem a decisão final do seu negócio, mas delega e confia bastante na equipe.
Na internet, o relacionamento é muito importante, é muito difícil chegar em algum lugar sem Collab. Então, confiar nas pessoas que atuam no seu nicho, principalmente, nas pessoas que trabalham com você, é muito importante. Sempre haverá pessoas de quem você não gosta, mas é preciso compartimentar, saber que algumas pessoas são amigas e outras são pessoas com quem você tem que conviver.
A CULTURA DO CANCELAMENTO
A cultura do cancelamento existe, mas as pessoas não perdem a carreira por conta disso, então a cultura existe, mas não é efetiva. Trump é um grande exemplo disso, mesmo que ele tenha sido cancelado ainda tem muito apoio daqueles que gostam dele. Temos alguns exemplos de pessoas que cometeram alguns erros e conseguiram voltar bem, como Gabriela Pugliesi, que foi a exemplificação de um comportamento que, naquela época, era muito reprovado, e conseguiu lidar com isso muito bem.
As pessoas que estão nas redes sociais usam as fofocas para se inserirem na sociedade, acreditam que consumir esse tipo de conteúdo as transforma em pessoas cultas, o que não é necessariamente verdade. As vidas são tão sobrecarregadas, que quando sobra algum tempo, elas querem estar anestesiadas e inseridas em um grupo, o que potencializa essa cultura de cancelamento, muitas vezes com informação incompleta ou falsa.
Para quebrar esse ciclo, é importantíssimo romper a própria bolha, conhecer e interagir com pessoas de outras áreas, que gostem de outros filmes, músicas, séries, livros, etc. Quando você se permite expandir a sua visão de referências, a sua chance de cair nessa cilada reduz bastante.