Modelo disruptivo: o futuro dos negócios e os negócios do futuro

Imagine-se dentro de um ônibus, com todas as pessoas que você conhece (se você for super popular, imagine um super ônibus).

Esse ônibus trafega a mais de 160 Km/h. Esse ônibus bate de frente com a mais sólida parede de titânio do planeta. Em 0,1 segundo, ele vai de 160km/h para 0 km/h. Fica achatado como uma pizza, todos dentro são instantaneamente suprimidos de existência – que é um jeito bonito de dizer, amassados.

Agora, substitua o ônibus pelo segmento de mercado, indústria, ou seja lá o que for no qual você trabalha; substitua os passageiros por todos aqueles, direta ou indiretamente, envolvidos nessa determinada indústria e, por fim, substitua a parede absolutamente sólida por um novo e DISRUPTIVO MODELO DE NEGÓCIO.

O exemplo parece extremo, mas é totalmente necessário. Empresários, executivos, gestores, funcionários, quase todos envolvidos na economia de algum modo ainda insistem em minimizar (downgrade forte) os possíveis efeitos absolutamente destrutivos que o avanço da tecnologia, das novas empresas (as famosos startups) e, sobretudo, a obsolescência de seus modelos de negócio terão sobre suas empreitadas.

Não se enganem, disrupção não é processo que ocorre lenta e gradualmente. Disrupção é uma quebra absoluta, imediata e poderosa.

Não sou apenas eu dizendo, a etimologia da palavra, vinda do Latim, indica isso: disruptĭo,ōnis ou  diruptĭo,ōnis ‘Ruptura, Rompimento, Fratura, Quebra’

Assim, ainda que muitos gestores ignorem os intensos movimentos disruptivos que já são percebidos no mundo todo, outros os veem como uma enorme ameaça. Numerosos são os casos de segmentos inteiros se rebelarem e, muitas vezes, frontalmente atacarem essas inovações disruptivas brutal e ferozmente.

Caso mais emblemático e recente sendo o dos taxistas contra os modelos de compartilhamento de veículo, mais notoriamente, o Uber. Assim como todo animal acuado, essas espécies em extinção tendem a atacar aqueles que os ameaçam; é um dos últimos dos inúmeros sinais de que estão para desaparecer.

Por ser visto e efetivamente ser um risco tão grande para tantos segmentos, é enorme OPORTUNIDADE para novos entrantes.

Definição de oportunidade do inesgotável Professor Steve Blank: “Find a problem for a customer segment, that you can solve, for which they will pay, on a large enough market”.

Porque estamos (ou ao menos parecemos) inovar e disromper cada vez mais indústrias recentemente? Algo mudou?

O FATOR EUREKA! No passado, boa parte dos grandes saltos da humanidade se deram em decorrência de alguma mente genial (ou grandes descobertas por acaso – veja aqui 16 delas). Em outras palavras, é dizer que dependíamos de um restrito número de indivíduos para que, dentro de uma infinidade de experimentos, repetidas tentativas, pura generalidade ou uma soma de tudo, surgisse uma nova invenção ou uma inovação disruptiva que mudasse a nossas vidas.

Inventamos um monte de coisas nesses últimos 5 milênios, Agora, e na última década? Separe 15 segundos e pense em quantas novas empresas, serviços, apps, sites, produtos você conhece que tem menos de 10 ou até 15 anos de vida.

O número de empresas nascentes é cada vez maior. Há uma proliferação de empreendedores, sobretudo digitais, no mundo. Ainda que haja muito da indústria da moda, do empreendedorismo de palco, do chamado glamour empreendedor, há muita gente muito foda fazendo coisas incríveis por aí.

Analisar o número de empresas nascentes, exclusivamente, é ver apenas um lado da moeda. O lado que preocupa (ou deveria preocupar) os gestores e líderes de grandes e estabelecidas empresas é o de quantas empresas já empacotaram ou quase foram desta para uma melhor na última década apenas. Você certamente consegue pensar em alguns exemplos de empresas ou ao menos modelos de negócios que desapareceram (ou estão em vias de) nos últimos anos.

Se a memória não tá lá tudo isso, nós damos uma ajuda:
1. Kodak
2. Blockbuster
3. Xerox
4. ToysR’us
5. SportsAuthority
6. Blackberry (RIM)
7. Yahoo

Isso que não paramos pra falar das inúmeras indústrias que estão na berlinda, ainda que várias se neguem a admitir (ou pior, nem sabem ainda).

Para exemplificar: Estive outro dia num fórum anual de importante publicação voltada ao setor automobilístico aqui no Brasil e ouvi diversos representantes de empresas dessa área falando sobre pós venda, sobre retenção de consumidores, redução de custos de produção e… Um blá blá blá sem tamanho…. Deixaram de se atentar para o principal problema que enfrentar”ão” (o futuro está entre aspas porque ele já é hoje):

Um número cada vez maior de jovens, no mundo todo, não deseja, nem almeja (às vezes, nem pensa) em ter um carro.

Em pesquisa publicada em 2014, Michael Sivak e Brandon Schoettle, do Instituto de Pesquisas de Transporte da Universidade de Michigan-EUA, indicaram que o percentual de pessoas com uma carteira de motorista nos EUA caiu sensivelmente em todas as faixas etárias, movimento este que vem ocorrendo consistentemente desde 1983.

É especialmente intenso entre os adolescentes – em 2014, apenas 24,5% dos americanos de 16 anos tinham uma licença, uma queda de expressivos 47% desde 1983, quando 46,2% dos jovens dessa idade tinham a carteira. Entre os jovens de 19 anos a queda, ainda que menor, é também protuberante, atingindo 21 pontos percentuais de queda (em 1983, 87,3% tinha carteira; em 2014, apenas 69% têm). Lembrando que em números absolutos há mais jovens sem carteiras para dirigir hoje, do que haviam jovens maiores de 16 anos em 1983.

Esse mesmo fenômeno se repete em quase todas as nações desenvolvidas economicamente e já atinge também uma grande parcela dos jovens em países em desenvolvimento.

Assim, os olhos da indústria automotiva deveriam estar focados em como contornar essa questão e não em pós vendas, pesquisas de satisfação, inclusão de ABS e mais 719 airbags em cada modelo lançado.

Essa visão míope e baseada num olhar para o passado é a certeza de declínio e extinção num futuro MUITO próximo.
Usei a indústria automobilística como exemplo, mas há, contudo, inúmeras indústrias inclusive em situação pior.

Agora, três importantes questões:

A. Porque isso ocorre?

B. Porque a intensidade dessas ondas de Inovações Disruptivas (como brilhantemente as batizou o professor da HBS, Clayton Christensen – vídeo abaixo) é cada vez maior e mais frequente? O que mudou?

C. Como empresas e indivíduos podem se beneficiar disso e, ao invés de morrerem afogados por uma nova onda, possam surfá-la?

Eu não posso impedir as ondas de chegarem à praia, mas posso aprender a surfar…

Outubro 2024

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