Como a Fórmula 1 reinventou sua comunicação
Em 2016 a Fórmula 1 passava por uma das suas maiores crises fora das pistas: perdia público. Na ocasião, mais de 200 milhões de fãs deixaram de acompanhar o esporte, causando uma queda de 40% na audiência. O motivo era simples, o ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Bernie Ecclestone, simplesmente não se importava com o público mais jovem, considerando irrelevante a participação deles no dia a dia das corridas e desprezando a capacidade que esse grupo teria de gerar lucratividade a médio e longo prazo.
Com a queda na audiência, o esporte também viu suas receitas caírem, isso fez com que a empresa Liberty Media se interessasse por comprar a Fórmula 1, enxergando em um cenário supostamente desolado uma oportunidade de renovar as corridas. A compra foi realizada por US$ 4,4 bilhões e, a partir daí, as mudanças feitas se tornaram um dos maiores cases do mundo dos negócios:
Mídias sociais
Antes, os pilotos eram proibidos de publicar sobre a F1 em suas redes sociais. Em uma de suas primeiras decisões, a Liberty flexibilizou essa regra e permitiu que eles começassem a compartilhar imagens oficiais das corridas em seus próprios canais e perfis. Isso fez com que a Fórmula 1 se tornasse o canal de mais rápido crescimento digital no mundo dos esportes.
Mais ultrapassagens
A empresa também alterou as regras para permitir mais ultrapassagens. Eles transformaram os fins de semana de corrida em minifestivais com shows e eventos, permitindo até que a ESPN transmitisse as competições nos EUA gratuitamente. Isso ajudou a aumentar o alcance e interesse pelo esporte por um público mais diverso, que antes associava esse universo a algo extremamente exclusivo e inalcançável. Dessa forma a F1 ganhava território e fãs.
Produção de conteúdo
A Liberty Media sabia que o caminho para crescer nos EUA era por meio de conteúdo. Então fizeram uma parceria com a Netflix para lançar a série “F1: Drive to Survive”. Essa estratégia, somada às anteriores, fez com que a audiência do esporte dobrasse no planeta, superando o 1 bilhão de fãs, e que o preço das suas ações subisse 250% desde 2016. Além disso, a Netflix também pagou a Liberty pelo seriado em um acordo que rendeu bilhões de dólares.
Isso fez com que a Liberty se tornasse o maior conglomerado esportivo do mundo segundo a Forbes, com valor de mercado de US$ 17,2 bilhões e participações no Atlanta Braves (MLB), Kroenke Arena Company, Drone Racing League e Meyer Shank Racing. Assim a empresa provou que o digital é o melhor e maior propulsor para mercados inovadores e tradicionais seguindo três linhas estratégicas: alto potencial de alcance, conversão de audiência em consumidores, conversão de consumidores em fãs. Tudo isso de forma otimizada, rastreável e objetiva.