Esse artigo não é para falar sobre equidade de gênero, mas sim sobre a importância de valorizar as características masculina e feminina, presentes em todos os seres humanos, independentemente de gênero, para o desenvolvimento e prosperidade dos negócios.
Quando a produtividade e o esforço em prol de alcançar objetivos individuais é mais importante do que a empatia, a vulnerabilidade e a abertura para contribuir com o coletivo, estamos diante de um desequilíbrio empresarial e até social. Um exemplo disso é quando, para conquistar um espaço de liderança, algumas mulheres relevam a feminilidade, ficam mais duras e diretivas. Isso também pode ser visto entre os homens que deixam de abrir espaço para a sensibilidade e a vulnerabilidade no ambiente profissional.
Não há nada mais feminino do que o cuidar.
É aí que entra a importância de compreender as características masculina e feminina. Entre elas estão: masculinas – determinação, autorresponsabilidade, eficiência; e femininas – sensibilidade, criatividade, adaptabilidade e generosidade. Buscar o equilíbrio entre elas é essencial para uma liderança ambidestra e alinhada às demandas do mundo contemporâneo.
Ao trazer o modelo da Liderança Shakti ao mundo corporativo, Nilima Bhat e Raj Sisodia – autores do livro Liderança Shakti: equilíbrio do Poder Feminino e Masculino, lançado em 2017 no Brasil – destacam a importância da ascensão das características do feminino tanto para a autoliderança quanto para a cultura e gestão dos negócios.
Por milênios, a sociedade, empresas e líderes operaram, na sua maioria, utilizando as características masculinas, um modelo que enaltecia a agressividade, ambição, competição e dominação ao mesmo tempo que negligenciava e desvalorizava as características femininas. O resultado disto podemos ver nos dias de hoje na falta de cuidado com as pessoas e com o planeta. A materialização da ascensão do feminino é o movimento global da sustentabilidade ou ESG que se tornou uma prioridade. Ele coloca o cuidado com as pessoas e com o planeta no centro das discussões. Não há nada mais feminino do que o cuidar.
A base da Liderança Shakti é observar a polaridade entre o feminino e o masculino na sua forma mais consciente e equilibrada para gerar harmonia, clareza, direção e ação.
Ouvir os colaboradores, clientes e outros stakeholders e incorporar seus interesses na estratégia do negócio é uma forma de agir com características do feminino. Isso significa incluir, cuidar e levar o outro em consideração. Uma pesquisa realizada pela Humanizada, em 2023, com mais de 43 mil stakeholders, revelou que ao compreender e atender às necessidades dos stakeholders, uma organização pode promover colaboração e construir confiança. Este envolvimento leva a um ciclo positivo, proporcionando aumento da lealdade e consequentemente aumenta a reputação da organização, a retenção de clientes e a força da parceria.
Vale ressaltar que o propósito desse modelo de liderança não está em valorizar uma característica sobre a outra, mas sim em equilibrá-las e aproveitar o que elas têm de melhor. O intuito é despertar e harmonizar ambas características com a finalidade de que trabalhem as suas habilidades de liderança em sua totalidade.