A Embraer fechou um acordo de US$ 150 milhões com a Boeing, referente à quebra de contrato de uma joint venture proposta em 2018 e cancelada pela fabricante americana em 2020. O valor, que corresponde a mais de R$ 800 milhões, representa uma injeção importante no caixa da Embraer, porém, abaixo do esperado pelos investidores. O mercado projetava um ganho próximo de US$ 300 milhões, o dobro do valor acordado.
A joint venture original previa que a Boeing teria 80% de participação nos ativos de aviação comercial da Embraer, pagando US$ 4,2 bilhões pelo negócio, enquanto a Embraer ficaria com 20%. No entanto, em 2020, a Boeing cancelou a transação, alegando que a Embraer não cumpriu as condições prévias para a conclusão do acordo. A Embraer rebateu essa alegação, afirmando que o cancelamento foi motivado pelas dificuldades financeiras da Boeing decorrentes da pandemia e dos problemas com o modelo 737 MAX.
A indenização de US$ 150 milhões é resultado de um processo de arbitragem iniciado pela Embraer. O valor, apesar de relevante, decepcionou o mercado, que esperava uma compensação superior, especialmente em função dos danos alegados pela empresa brasileira, que incluiu perdas com vendas e custos associados à operação de spinoff de sua divisão de aviação comercial.
De acordo com análise do Bradesco BBI, após deduzir impostos, o valor líquido a ser recebido pela Embraer será de aproximadamente US$ 85 milhões, o que representa US$ 0,49 por ação. Mesmo com essa injeção de caixa, as ações da Embraer caíram 5% no pregão de hoje, refletindo a frustração dos investidores com o montante do acordo.
Ainda assim, o banco Safra reiterou sua recomendação de compra para as ações da Embraer, apostando em uma recuperação sólida da aviação comercial nos próximos anos e em um crescimento no segmento de defesa. A Embraer estima faturar US$ 6,6 bilhões até 2026, com perspectivas de recuperação de rentabilidade e de retomada do pagamento de dividendos após zerar seus prejuízos acumulados.
A Embraer, que atualmente tem um valor de mercado de US$ 6,6 bilhões na Bolsa de Nova York, continua sendo um dos principais players do setor aeronáutico global, e o recente acordo com a Boeing encerra uma disputa que impactou significativamente suas operações nos últimos anos.