Fabricante busca estabilizar balanço após prejuízo elevado e paralisação
A Boeing anunciou uma oferta de ações no valor de US$ 19 bilhões (R$ 108,25 bilhões), com o objetivo de recuperar a liquidez e equilibrar o balanço financeiro após registrar um prejuízo líquido de US$ 6,17 bilhões no último trimestre, muito superior ao valor de US$ 1,64 bilhão no mesmo período do ano anterior. Esse prejuízo representa uma perda ajustada de US$ 10,44 por ação, acima das projeções de analistas, que estimavam perdas de US$ 10,35.
Com uma sequência de resultados financeiros negativos e em meio à greve de 33 mil funcionários que paralisou a produção do modelo 737 Max desde 12 de setembro, a Boeing visa captar recursos para quitar dívidas, fortalecer o capital de giro, financiar subsidiárias e cobrir despesas de capital. A oferta inclui a emissão de 90 milhões de ações ordinárias, avaliadas em aproximadamente US$ 13,95 bilhões, além de US$ 5 bilhões em ações depositárias. Em caso de excesso de demanda, a Boeing pode ainda emitir 13,5 milhões de ações ordinárias adicionais e US$ 750 milhões em ações depositárias.
Os recentes desafios da Boeing têm pressionado sua estabilidade financeira desde a crise desencadeada por dois acidentes envolvendo aeronaves 737 MAX 8, que afetaram profundamente a credibilidade e as finanças da empresa. O prolongamento da greve no principal centro de produção da Boeing elevou a preocupação com a sua capacidade de retomada e o impacto nos custos operacionais. Tentativas de negociação com o sindicato nas últimas semanas não obtiveram sucesso, o que agrava o cenário de incerteza.
A empresa enfrenta agora o risco de ver sua nota de crédito ser rebaixada para grau especulativo, dada a alta alavancagem financeira e a dificuldade de recuperação rápida em meio às paradas de produção. No pré-mercado de Nova York, as ações da Boeing registraram leve alta de 0,2% logo após o anúncio da oferta, refletindo a cautela de investidores.