Crescimento de 19% em 2024 consolida novo ritmo de longo prazo da empresa
O Grupo Boticário encerrou 2024 com vendas totais de R$ 35,7 bilhões, resultado que representa um crescimento de 19% em relação ao ano anterior. O desempenho indica uma estabilização no ritmo de expansão após o avanço de 30% registrado em 2023. A expectativa do CEO Fernando Modé é que a companhia mantenha esse novo patamar nos próximos ciclos, sustentada por investimentos em canais físicos, digitais e fidelização de clientes.
O volume de vendas dobra o GMV da companhia em um intervalo de três anos. A título comparativo, a Natura&Co, que detém operações da Avon International atualmente à venda, fechou o mesmo período com receita bruta de R$ 39,2 bilhões. O crescimento do Boticário se apoia na diversificação de canais e marcas, com destaque para o B2B. Em 12 meses, o número de pontos de venda saltou de 100 mil para 130 mil, incluindo farmácias, lojas de departamento, supermercados e perfumarias regionais.
O atendimento a salões de beleza também teve expansão expressiva, passando de 26 mil para 30 mil estabelecimentos, especialmente com a linha da Truss, marca adquirida em 2023. O grupo afirma que não há sobreposição entre canais, e sim complementaridade na estratégia de distribuição.
Cerca de 14% da receita de 2024 veio de produtos lançados nos últimos doze meses. Ao incluir itens reformulados em embalagem ou composição, o índice chega a 27%. A empresa também segue ampliando a presença física, com previsão de abertura de 100 a 150 lojas por ano, entre franquias e unidades próprias.
Entre as iniciativas em teste, oito lojas da Eudora estão em fase de avaliação para eventual escala nacional. Já a Beleza na Web, vertical que opera também com produtos concorrentes, possui seis lojas e deve ganhar mais três neste ano. A proposta desse modelo é gerar insights sobre comportamento de consumo em ambientes multimarcas.
No digital, a principal aposta está no programa de fidelidade BeautyBox. Com R$ 35 milhões investidos nos últimos três anos, o programa já fidelizou 25,7 milhões de consumidores — de uma base total estimada em 60 milhões. O foco é segmentar ofertas, aumentar a recorrência e proteger margem por meio de estratégias como cashback.
O grupo manteve o índice de alavancagem em 1,3x ao longo de 2024, e vem financiando parte de seus projetos com a emissão de títulos verdes. Em setembro, realizou a última captação nesse formato.
A maior iniciativa de investimento está voltada para a construção de uma nova fábrica em Minas Gerais. A planta, que consumirá R$ 4,14 bilhões em capex nos próximos quatro anos, deve elevar a capacidade produtiva da companhia em mais de 50%. O projeto será a maior alocação de capital da história do grupo.