A Órigo Energia, especializada em geração distribuída de energia solar, acaba de levantar R$ 500 milhões por meio de notas comerciais em operação coordenada pelo Santander. Os recursos viabilizarão a construção de 149 fazendas solares em 12 estados brasileiros, com potência instalada de 198 MWp, suficiente para atender cerca de 258 mil residências. O modelo de negócio permite ao consumidor “alugar” energia solar gerada nessas fazendas, com economia estimada de 10% a 15% na conta de luz em relação à concessionária tradicional.
A operação representa 70% do investimento total previsto de R$ 715 milhões. Os 30% restantes serão aportados pelos acionistas. O movimento faz parte de um plano maior que pretende quadruplicar a capacidade da empresa até o fim de 2027, saindo dos atuais 580 MWp para 2 GW. No último ano, a empresa registrou receita de R$ 416,5 milhões e atende atualmente 91 mil unidades consumidoras, predominantemente residências e pequenas empresas.
A expansão ocorre em um setor que movimentou R$ 14,5 bilhões em investimentos entre março de 2024 e fevereiro de 2025, segundo a Greener. Mesmo com os desafios recentes do mercado, como o excesso de geração (curtailment), a Órigo manteve a estratégia de crescimento. A companhia também se beneficiou do aporte de US$ 400 milhões realizado em 2024 pela I Squared Capital, que adquiriu 49% da empresa, reforçando sua capacidade de acesso a capital e execução de projetos em larga escala.
A estratégia de financiamento adotada, por meio de empréstimo-ponte com vencimento em três anos, evita travar dívidas de longo prazo com juros elevados. A expectativa é que, ao final desse período, a companhia já tenha parte das fazendas operando, o que deve reduzir o risco percebido pelo mercado e facilitar a emissão futura de debêntures com condições mais vantajosas. O modelo de geração distribuída segue ganhando espaço no Brasil, país onde a energia solar já representa 22,5% da matriz elétrica nacional, com capacidade instalada de 55,7 GW — avanço de 4,8% sobre 2024.
Com base em dados da Absolar, o setor solar brasileiro deve receber R$ 254,8 bilhões em investimentos nos próximos anos. A posição da Órigo dentro desse cenário a torna uma das protagonistas da expansão energética descentralizada no país, com um modelo de negócio que combina escalabilidade, previsibilidade de receita e acesso crescente ao mercado de capitais.