Di Liu, ex-engenheiro da Apple, teria levado milhares de documentos confidenciais ao trocar Cupertino pelo time da Snap. Caso expõe a disputa feroz por mentes brilhantes na era da realidade estendida.
A briga agora não é só por mercado, é por cérebros. A Apple abriu uma batalha judicial contra seu ex-funcionário Di Liu, acusando-o de roubo de segredos comerciais ligados ao Vision Pro, o headset de realidade estendida (XR) da gigante de Cupertino. Segundo a empresa, Liu teria baixado milhares de arquivos confidenciais antes de deixar o time do Vision Products Group para se juntar à rival Snap Inc., conhecida por seu projeto Spectacles.
Entre os documentos vazados estariam dados de design, informações de controle de qualidade, estratégias de precificação e até recursos ainda não lançados do Vision Pro, tudo supostamente transferido enquanto Liu ainda tinha acesso interno à infraestrutura da Apple. O detalhe crucial? Por contrato, ele deveria ter informado que estava se mudando para outra empresa do setor, o que teria levado à revogação imediata de seus acessos.
A Snap respondeu às acusações tentando se desvincular do incidente: “Não encontramos nenhuma conexão entre os documentos em questão e o trabalho realizado por Di Liu na empresa”. Ainda assim, o caso acendeu um alerta vermelho no mercado, não apenas por envolver dados confidenciais de um dos produtos mais avançados da Apple, mas porque revela um padrão que tem se repetido entre as big techs.
De Uber x Waymo nos carros autônomos, passando por Fitbit x Jawbone nos wearables, até Samsung x TSMC nos chips, o roubo de propriedade intelectual virou capítulo recorrente na corrida por inovação. Agora, com a aposta bilionária em realidade aumentada e inteligência artificial, a nova disputa é por engenheiros e especialistas estratégicos, e os movimentos são cada vez mais agressivos.
A Meta, por exemplo, tem sido alvo constante de críticas por “recrutar com carteira aberta” nomes da OpenAI e Google DeepMind para suas divisões de IA. A Apple, por sua vez, tenta segurar seus talentos com bônus milionários, acordos de sigilo e até restrições internas de mobilidade.
No centro dessa tempestade, o Vision Pro se torna símbolo de algo maior: não apenas um produto, mas uma guerra silenciosa por propriedade intelectual, talento e futuro tecnológico. E, nesse cenário, nem a inovação parece mais imune à velha prática de “levar mais do que a caneca de café” na saída da empresa.