A indústria de vestuário de Bangladesh movimenta mais de R$1,9 trilhão anuais e responde por cerca de 8% das exportações globais do setor, mas gera aproximadamente 577 mil toneladas de resíduos têxteis por ano. Menos de 10% desse volume é reciclado, segundo estimativas do Bangladesh Garment Manufacturers and Exporters Association (BGMEA). A pressão regulatória da União Europeia, especialmente com a Ecodesign for Sustainable Products Regulation, exige comprovação de circularidade e rastreabilidade de fibras em produtos exportados a partir de 2026.
As exportações de vestuário do país atingiram R$340 bilhões em 2024, representando 84% da receita total de exportação de Bangladesh. No entanto, o descarte de resíduos pós-industriais e a ausência de infraestrutura para reciclagem de fibras sintéticas podem comprometer contratos com varejistas europeus, que respondem por 61% das compras externas. Iniciativas locais começam a mobilizar o setor… o projeto Circular Textiles Bangladesh estima investimento de R$1,2 bilhão para criar centros regionais de triagem e reprocessamento de algodão e poliéster.
Empresas como H&M e Primark já testam cadeias fechadas de suprimentos com fornecedores locais, priorizando tecidos com conteúdo reciclado acima de 25%. O governo de Bangladesh negocia incentivos fiscais e acesso a crédito verde com o Banco Mundial para viabilizar a infraestrutura exigida. O país, segundo maior exportador global de vestuário, precisa transformar seus resíduos em matéria-prima competitiva para sustentar a posição em um mercado internacional cada vez mais condicionado por exigências ambientais e rastreáveis.
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