(Fear of Returning to the Office) e como empresas estão se preparando para combatê-la na volta aos escritórios
A Pandemia trouxe ao mundo a necessidade de distanciamento social e introduziu o trabalho em casa como um normal para a grande maioria das pessoas. Agora, com a vacinação em massa, empresas têm tido um grande desafio em convencer os colaboradores a voltar aos escritórios e vencer a F.O.R.T.O. (Fear of Returning to the Office) ou em português: medo de voltar aos escritórios.
Os desafios foram inúmeros: o barulho, a falta de foco, a interferência, a falta de estrutura, o estresse, o impacto na vida familiar, a solidão, a dificuldade de integração… mas, como sempre, o ser humano se adaptou, e muitos encontraram o seu lugar em meio ao caos, que eu carinhosamente apelidei de “hell office”.
Os brasileiros foram os que mais aderiram ao home-office. Dados recentes mostram que pelo menos 80% das funções administrativas conseguiram ser executadas de casa. Por outro lado, outra pesquisa mostra que mais de 80% das empresas tendem a retornar aos escritórios, de maneira integra,l a partir de 2022, mas que 75% dos funcionários querem um retorno híbrido.
A grande questão agora é: como empresas e colaboradores chegarão a um consenso?
A F.O.R.T.O. é definida por especialistas como uma síndrome de estresse, que ocorre em indivíduos que têm medo de sair da zona do conforto, podendo se manifestar através de crises de ansiedade, nervosismo, cansaço e fadiga, entre outros.
As pessoas criaram novas raízes e culturas de trabalho em casa, não se preocupando mais em como se vestir, com postura, comportamento em público, linguagem corporal, etc.
Funcionários foram contratados durante a pandemia e nunca conheceram fisicamente o seu chefe ou a equipe de trabalho. Imagine a ansiedade dessas pessoas. Também tem os funcionários preocupados em passar horas em transporte público ou no trânsito, enquanto que hoje estão no conforto do seu lar.
Em contrapartida, o home-office é um prato cheio para potencializar problemas de outras características interpessoais, como o de pessoas introspectivas, que se sentiram ainda mais isoladas em casa. Ou mesmo para quem é altamente produtivo quando focado, mas facilmente distraído em ambientes com mais pessoas.
Um outro ponto grave é o medo da represália em público e feedback negativo dos gestores. A linguagem corporal é um grande delator em momentos difíceis.
Outra preocupação diz respeito à saúde mental. Vimos recentemente várias empresas com diretorias inteiras focadas no psicológico de colaboradores, deixando de ser o RH, o responsável pelos ativos humanos. Além do que, a legislação trabalhista ainda não regulamentou o home-office.
Para começar a atrair de volta os colaboradores, as empresas devem tornar o escritório um ambiente seguro, inspirador e que fomente a cultura da empresa. Em pesquisa recente do Grupo IWG, para os brasileiros voltarem ao presencial, consideram primordiais os itens abaixo:
1.Escritório como ponto de encontro para reuniões e contato com gerência;
2.Trabalho presencial de duas a três vezes por semana;
3.Escritórios mais próximos de casa para diminuir deslocamento;
4.Reservar ponto de trabalho com antecedência;
5.Ficar próximo da sua equipe funcional dentro do escritório (Modelo Squad).
Médicos e especialistas recomendam verificar os seguintes passos antes de convidar os funcionários de volta aos escritórios:
• Pesquisa para entender o que querem os funcionários nesse momento;
• Avaliação individual do momento pessoal de cada um com relação a familiares e dependentes;
• Avaliação por um especialista daqueles funcionários que declararem F.O.R.T.O.;
• Preparar uma recepção positiva, mesmo para aqueles que não voltarem ao presencial;
• Em reuniões presenciais não abortar a participação virtual para que aqueles que estejam em casa;
• Muito cuidado com promoções ou reconhecimentos durante a fase de
transição, para não passar a impressão de que somente os que voltaram ao escritório foram privilegiados;
• Acompanhamento trimestral da evolução, índices de engajamento e experiência de cada funcionário com o trabalho híbrido.
Empresas e colaboradores terão um papel diferente nos ambientes de trabalho daqui para a frente. A gestão será colocada à prova para garantir que funcionários não tenham F.O.R.T.O. e que possam ser produtivos em um ambiente corporativo, independentemente se presencial ou figital (físico + digital).