Embora toda empresa precise dedicar horas de planeja-mento para otimizar recursos e fazer entregas sistêmicas, eu quero, inspirado pelo slogan da Adidas, de que nada é impossível, provocar uma reflexão: o quanto um conjunto de crenças e valores pode ajudar a construir uma nova cultura organizacional? Por exemplo, quando iríamos imaginar que uma empresa que nada faturou poderia valer US$ 1 bilhão, como é o caso do fenômeno Clubhouse?
E não é só porque o bilionário Elon Musk acabou ajudando a impulsionar a popularidade da nova rede social. As empresas estão mais humanizadas, olhando para outros aspectos além do lucro, o que corrobora com uma prática que sempre existiu, mas entre poucas empresas – e passa por um processo de convencimento que nem sempre é simples.
Imagine que, em 1936, o então fundador da Adidas, Adolf Dassler, dirigiu-se da Baviera à Vila Olímpica só para convencer o velocista negro, norte-americano, Jesse Owens a usar os sapatos que ele fabricava… É fácil pensar hoje que o sucesso da marca foi construído em quase uma centena de anos. Mas você só consegue relevância quando os demais percebem o valor. No caso da Adidas, quando o corredor foi premiado com quatro medalhas de ouro, o sucesso confirmou a reputação dos calçados Dassler entre os esportistas mais famosos do mundo, despertando o interesse de treinadores de várias equipes nacionais.
E eu me sinto muito honrado em poder lembrar essa história, no momento em que temos o privilégio de contar com uma mulher incrível na capa desta edição: Flavia Bittencourt, presidente da Adidas. Outro dia eu vi uma dessas mensagens motivacionais que usam para atrair público em
redes sociais, apresentando um pé descalço de um corredor com três esparadrapos. Imediatamente associei à marca. É uma supermensagem! Obviamente, há mentes brilhantes de criativos e publicitários que deliberam toda essa conexão por meio de uma campanha, mas como podemos ser capazes de criar um semelhante misto de fé e expectativa? Ou podemos ter um conjunto de práticas, como recomenda a psicologia positiva ou mesmo a física quântica, para semear um círculo virtuoso?
Eu conheço centenas de empresários que lutam por anos para promover negócios que são sensacionais e que traçam um propósito que ajudaria o planeta a se tornar um lugar melhor.
Entre os discursos e o exemplo, existe uma grande oportunidade. Tudo bem de as empresas continuarem a pensar no lucro como indicador, mas o fato de considerar “a que custo vamos ganhar” promove espaço para que possamos tornar nossos negócios mais sustentáveis. E falo disso com muita humildade. Ainda temos empresas de tecnologia condenando más práticas sobre
vazamento de dados, mas que querem comprar leads por meio
de “parceiros”. Eu creio que isso vá reduzir, e ainda temos a esperança de que fazer negócio tem de ser algo que construa valor para todas as partes.
O que eu particularmente acredito é que precisamos construir uma nova cultura analítica. Isso demanda repensar o modelo mental do que já sabemos e juntar pessoas e tecnologias para construir aquilo que ainda não existe. Pode ser uma simples informação inexistente em sistemas de dados. Percebo que muitos ainda compram sistemas pensando que tudo está, do outro lado, pronto para consumo.
E é fundamental entender que muita coisa, além de tempo, requer investimento.
Você não precisa acreditar no impossível, mas, se tiver informações provenientes do que é real de fato, tenho certeza de que irá se nutrir de ideias transformadoras. E, como bem cantou Charlie Brown Jr., “só os loucos sabem”: não há impossível para quem é decidido, determinado, resiliente e dedicado.