Fundos já representam 28,8% do crédito para empresas, com captação histórica em 2024.
O mercado de crédito privado no Brasil atingiu novos patamares em 2024, consolidando sua relevância no financiamento empresarial. Segundo um levantamento exclusivo da JGP, a participação de fundos de investimento no estoque de crédito para empresas subiu para 28,8%, ante 14,9% em 2020 e 9,8% em 2016. O mercado de capitais, que abrange FIDCs, CRIs, CRAs e debêntures, registrou crescimento de 488% no estoque de crédito em nove anos, alcançando R$ 3,39 trilhões, enquanto o crédito bancário avançou 56,17% no mesmo período.
O destaque ficou por conta dos fundos de renda fixa, que captaram R$ 242,98 bilhões em 2024, a maior cifra já registrada. O volume de debêntures desempenhou papel fundamental nesse cenário, com emissões e aportes que multiplicaram por seis o mercado desde 2016. Esses instrumentos têm permitido às empresas alongar dívidas e reduzir a dependência de crédito bancário de curto prazo, mesmo em um ambiente de juros elevados.
Além das debêntures, os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) tiveram captação de R$ 113,47 bilhões no último ano, sendo responsáveis por financiar principalmente pequenos e médios negócios por meio da antecipação de recebíveis. Dados mostram que o Brasil encerrou 2024 com 2.800 FIDCs ativos, 400 a mais que no ano anterior. O mercado de CRIs e CRAs também alcançou volumes recordes, com os CRIs crescendo de R$ 40 bilhões para R$ 220 bilhões e os CRAs subindo de R$ 10 bilhões para R$ 140 bilhões desde 2016.
Gestoras como a JGP e a SRM Asset têm desempenhado papéis de destaque na estruturação de produtos de crédito personalizados. A JGP administra R$ 16 bilhões em ativos de crédito, equivalente ao porte de grandes bancos. Já a SRM emprestou R$ 3,5 bilhões via FIDCs em 2024, com operações voltadas para empresas menores e setores regionais, diversificando riscos e garantindo capilaridade.
O mercado de crédito privado tem se mostrado resiliente em um contexto de demanda crescente por financiamento. Produtos como os CRIs e CRAs vêm ganhando espaço entre empresas de médio porte, especialmente no setor imobiliário, enquanto os FIDCs atraem investidores pela flexibilidade e pela possibilidade de retornos competitivos. Segundo especialistas, a ausência de exigências regulatórias como as normas de Basileia, aplicadas aos bancos, torna os fundos de crédito mais competitivos no custo de capital.
Para 2025, as projeções apontam para continuidade no crescimento do crédito privado, impulsionado por uma base mais estruturada de captação e pela diversificação de produtos. O fortalecimento do mercado de capitais é visto como um passo importante para oferecer mais alternativas de financiamento às empresas, reduzindo a dependência bancária e promovendo maior eficiência econômica.