IMAGINE UM CENTRO DE SOLUÇÕES PARA APOIAR NEGÓCIOS DE IMPRESSÃO DIGITAL DOS MAIS VARIADOS PORTES, COM TECNOLOGIA DE PONTA E REDUÇÃO DE CUSTO
Que desafios ainda pode ter uma marca consolidada no mundo inteiro? A Epson vem provando que há, sim, novos caminhos a explorar, e novas formas de atender seus clientes de uma maneira mais completa e versátil. Demonstrou isso recentemente com o lançamento de um espaço revolucionário em sua sede de Tamboré, em Barueri (SP): o Epson Solutions Center.
Trata-se de um local para atender todo tipo de demanda, dos menores aos grandes volumes, com uma seleção incrível de equipamentos, e que ao mesmo tempo é um laboratório, onde o cliente pode participar de demonstrações de máquinas e testar tecnologias inovadoras. Até chegar à solução que se encaixa em sua necessidade.
Para explicar essa iniciativa da empresa, a reportagem de Empresário Digital conversou com Evelin Wanke, gerente de negócios da Epson, resultando na entrevista que você confere a seguir.
EMPRESÁRIO DIGITAL – Como surgiu a ideia do Epson Solutions Center?
EVELIN WANKE – Temos atuado forte na indústria têxtil, estamos desde 2013 com novos produtos, promovendo o mercado de sublimação e impressão direta em tecido. Embora esse seja um mercado que não cresce – teve até uma pequena queda nos últimos anos –, quando se trata especificamente do digital dentro do têxtil, é muito diferente: há um crescimento de 30% ao ano. Está havendo uma transformação desses processos analógicos para o digital por uma série de razões, e então investimos nesse centro justamente para acelerar essa mudança.
ED – Qual tem sido o contexto dessa migração para o digital na área têxtil?
EVELIN – As coleções têm aumentado muito, e é por isso que o digital está entrando com tanta força. O consumidor está querendo se expressar cada vez mais pelo vestuário. Cinco ou seis anos atrás, tínhamos poucas coleções no ano. Tanto que a Fashion Week foi formatada para lançar só duas coleções anualmente, primavera/verão e outono/inverno. E hoje nós já temos cliente que faz até 52 coleções num ano. Ele é só digital, e toda semana troca a vitrine. E aí troca o estoque também, porque produz, de cada vez, apenas a quantidade que ele vende de roupa para uma semana, justamente para ter esse giro maior. Além disso, há a questão do desperdício. A BBC News apontou que, na maior parte das empresas inseridas nesse negócio, metade do que vai para uma loja volta para a fábrica e é incinerado. Isso acontece porque, no analógico, para você ter um bom custo de produção, você precisa produzir muito, para o processo ser viável, e muitas vezes isso não é vendido.
Então criamos esse centro de soluções para mostrar ao cliente que dá para produzir com menos custo com o digital. E que dá para ter uma fábrica inteligente – num espaço pequeno você consegue uma produção muito grande.
ED – Há também uma preocupação com a sustentabilidade ambiental nessa iniciativa?
EVELIN – Sim, muita. Isso porque, com essa questão do desperdício, há bastante lixo no mercado têxtil, muito material incinerado. Com o digital, você produz só o que é consumido. Outro ponto importante é o consumo de água. Numa estamparia analógica, isso chega a 200 litros por quilo. No digital, é de 1 a 2 por quilo, uma redução de 90% de água usada no processo. A emissão de gás carbônico para o ambiente também tem uma redução expressiva, de 40%.
ED – Qual é o grande diferencial desse centro?
EVELIN – O propósito é expandir o digital dentro do têxtil de uma forma mais acelerada, mas também é um laboratório para os clientes. Aqui eles podem trazer o próprio tecido, as próprias imagens, tudo é customizado para a necessidade de cada um. O cliente pode passar dias aqui dentro, conhecendo, e temos uma equipe muito capacitada, de especialistas técnicos, para ajudar esse cliente a chegar à sua solução.
Lembrando que cada cliente imprime de uma forma, cada um tem uma cartela de cores diferentes. Um grande diferencial é que, na América Latina, não tem nenhum centro têxtil de impressão direta em pigmento, e escolhemos essa tecnologia porque é a mais ecológica que existe hoje.
Há uma série de tintas usadas na impressão direta – tinta reativa, tinta dispersa, tinta ácida –, mas a tinta pigmentada é pouco divulgada pelos fabricantes porque é difícil ter qualidade no pigmento, é difícil ter definição de imagem, difícil de ter um toque leve no tecido. Pigmento geralmente é associado à serigrafia, ficando com um toque emborrachado. Mas um digital bem feito, como o nosso, não tem mais esse toque, e permite a impressão em qualquer tipo de tecido. Você pode colocar algodão, poliéster, poliamida.
É uma questão realmente de qualidade e de versatilidade também. E aí voltamos à questão da preocupação ambiental. O processo de impressão em pigmento é bastante enxuto. Por que temos essa economia de água?
Evelin
Porque, quando você vai para um reativo, tem de fazer lavagem, vaporização, secagem… Você usa muito mais água no processo do que no pigmento. E o custo de instalação de maquinário acaba sendo, no mínimo, o dobro do que teria com a tinta pigmentada. Hoje estamos vendo muita empresa de médio porte, que não tinha impressão direta em tecido, buscando a Epson para montar um projeto e entrar nesse segmento também.
ED – E como fica o processo de sublimação nesse investimento?
EVELIN – Hoje a sublimação é muito presente no vestuário brasileiro e latino-americano. O pessoal gosta de estampas, tecidos leves. O poliéster é muito mais barato, e hoje tem uma tecnologia embarcada muito grande para esse tecido, tanto que antigamente o poliéster era desagradável de vestir, é hoje não é mais, graças à tecnologia.
Então a impressão em sublimação ainda é muito importante. No nosso centro de soluções, há equipamentos novos, industriais, para sublimação também. Mas estamos divulgando a tecnologia de pigmento pela gama de tecidos e por disponibilizar uma tecnologia para algodão também para empresas de médio porte.
ED – Dá para dizer que você está oferecendo uma alternativa para o cliente reduzir seu custo também?
EVELIN – Quanto a essa questão, quando a gente aborda o cliente pela primeira vez, é comum que ele compare o preço da tinta analógica com o preço da digital. A tinta digital é mais cara, porque tem uma tecnologia diferenciada, precisa passar por uma cabeça de impressão, que é muito mais delicada, precisa ter um pigmento mais fino, com uma moagem melhor…
Mas, quando você olha o processo como um todo, é mais econômico. A estamparia que montamos aqui tem 200 metros quadrados, e conseguimos tirar no mês 200 mil m2 de produção. Para uma produção analógica, teria de ter 2 mil m2 de área, dez vezes mais espaço.
ED – Vocês pensaram num tipo específico de cliente para criar esse centro de soluções?
EVELIN – Na indústria têxtil, os novos entrantes estão se tornando gigantes. Então precisamos dar atenção a esse público também.
A Epson tem desde a impressora pequenininha, que é mais voltada para brinde, que é a tecnologia de sublimação, até a impressora de 700 mil dólares, que é a Monna Lisa, voltada para uma indústria gigante. Nós investimos no pequeno para que ele cresça e se torne essa indústria grande.
Hoje não temos clientes prioritários, porque nosso portfólio é bem segmentado, por nicho, temos canais para atender todos esses segmentos. No centro de soluções temos três tecnologias: sublimação, DTG (“Direct to Garment”), que é a impressão direto na camiseta, e o DTF (“Direct to Fabric”), que já é rolo corrido. Então é uma solução bem completa.
ED – Fale mais um pouco sobre a estrutura desse centro, os equipamentos que vocês têm.
EVELIN – Para sublimação, temos desde um equipamento de 61cm o A1, até o equipamento de 1,80 m, para rolos mais largos. Para impressão direta em camiseta, estamos com duas máquinas, uma que é mais voltada para o varejo de moda, como uma Reserva, que tem quiosques em shopping, uma Hering, Riachuelo, Renner, Calvin Klein… Para aquelas que fazem a customização para o cliente na hora. E vamos evoluir dessa impressora de ponto de venda para uma impressora industrial, que é a F3070, uma máquina com uma velocidade muito maior.
Nesta pequena, a gente tira até 150 peças por dia. A maior vai tirar até mil peças diariamente. Essa máquina vai chegar à América Latina em meados deste ano.
E, para impressão direta no tecido, temos uma máquina muito versátil, 100% customizada, é a única do mercado em que o projeto é feito de acordo com a necessidade do cliente. Então ela pode ter de boca de 1,80 m a 3,20 m, passando por larguras intermediárias. Pode imprimir de 8 a 16 cores, com 8 a 64 cabeças de impressão, o que vai dar velocidade de produção ao cliente.
ED – Mudando um pouco de setor, como você vê o momento do mercado de comunicação visual e como a Epson pretende se posicionar quanto a esse segmento?
EVELIN – É um mercado bastante maduro. Já é bem diferente do têxtil. No têxtil, 8% do que é produzido em tecido é em impressão digital, então ainda temos 92% do mercado para explorar. Já na comunicação visual é quase 100% digital, a gente vê pouca serigrafia atualmente. E é um setor onde não se vê muita substituição de máquina, há muitas empresas pequenas que se aventuram, muita gente trabalhando na informalidade… O volume de máquinas que entram no Brasil é muito estável ao longo dos anos. Não está crescendo, mas existe um espaço muito grande para melhorar a qualidade desses produtos que estão sendo impressos. E a Epson tem uma oportunidade também de desenvolvimento de portfólio, vamos entrar com novas tecnologias, de modo que ainda é um mercado muito interessante para a gente.
ED – A instabilidade econômica dos últimos anos mexeu com os negócios da Epson?
EVELIN – Vou falar especificamente do setor que eu gerencio, de têxtil e comunicação visual. Apesar de a gente ver uma crise no mercado, são indústrias que estão se transformando, então conseguimos ter um crescimento muito interessante. No têxtil, nos últimos cinco anos, tivemos um crescimento de 30% ao ano.
Justamente porque essa crise evita que o fabricante faça grandes lotes, porque não vai conseguir vender, então ele passa a atender um público que está consumindo menos, e o digital permite que ele tenha um bom custo nesse lote menor. Ou seja, apesar da crise, temos tido um grande sucesso nessa linha de grandes formatos.
ED – Como tem sido a sua trajetória profissional dentro da Epson?
EVELIN – Em julho, completo dez anos aqui. Cheguei à Epson para assumir essa área de grandes formatos, numa época em que a empresa estava muito voltada para fotografia e impressoras de prova de cor em gráfica. Essa era a especialidade da Epson. Cheguei para montar uma estrutura de canais, e de lá para cá tivemos uma evolução muito grande. Estamos entrando em segmentos bem diversificados.
Eu tive o prazer de participar desse projeto na época, começaram a vir comitivas do Japão para cá, dos EUA, para entender o volume desse mercado, e tivemos um crescimento muito grande nessa área justamente porque lançamos o produto têxtil em 2013 – era a primeira impressora com cabeça para sublimação. Até então, no Brasil, o cliente usava outras impressoras e adaptava para fazer sublimação. Conseguimos resolver uma dor que o mercado tinha. E todo esse sucesso no têxtil permitiu à Epson desenvolver produtos industriais. Hoje nosso portfólio é gigantesco, e vai crescer mais. Temos uma visão 20/25 que está muito desenhada, estamos dando muito foco em lançar produtos para novos segmentos. Essa é a filosofia da empresa, e o mercado têxtil é a menina dos olhos da Epson para a transformação digital.
Essa é a nossa história, a minha história aqui dentro.