Malu Sevieri

Novos Costumes para os mesmos Negócios

É inegável que estamos sobre um eixo de mudanças. Qual será o impacto no seu negócio e na vida das pessoas do seu relacionamento? Não acredita que é algo relevante de saber?  

Todo negócio é baseado em um propósito, e ainda que muitos tenham dificuldades em definir claramente, todos temos a intenção de fazer algo e obter um resultado. Com o avanço das tecnologias, surgem novas práticas para fazer melhor, mais rápido e mais barato. As pessoas são deixadas de lado para alguns trabalhos, enquanto outras se especializam em tornar a tecnologia cada vez mais integrada ao cotidiano. A proposta do futurólogo Gerd Leonhard é, compreender os fenômenos na sua totalidade. Essa visão holística trata o impacto social na era da IoT (Internet das Coisas). Elas são enormes, e desconhecidas. Por tais motivos, precisamos discutir a Externalidade, que são os efeitos sociais, econômicos e ambientais indiretamente causados pela venda de um produto ou serviço. Podemos acelerar o propósito e resolver muitos problemas do cotidiano bem como criar outros ainda mais sérios e danosos a humanidade.  

As mudanças estão transformando as coisas de forma exponencial e com consequências surpreendentes e preocupantes. Novas relações homem/máquina estão acontecendo. Os dispositivos móveis já são nossos “cérebros externos” e a conectividade é um tipo de religião. Vamos nos conectar com um córtex digital. A cognição (capacidade de adquirir conhecimento) das máquinas representa mais do que a eletricidade ou a industrialização já conseguiram oferecer em termos de transformação.  

As propostas da Inteligência Artificial (AI) irão superar os desafios da globalização. Mas a tecnologia é neutra se não aplicada. Uma vez aplicada, a partir de agora, ela ganha vida, aprende e se desenvolve. A discussão será sobre os Códigos de Comportamento, os Contratos sociais, a Ética e enfim o uso das Leis.  

Algoritmos estão avançando a passos largos e vão superar a inteligência humana. O que levávamos anos para fazer, a tecnologia irá fazer em segundos. O filósofo italiano, Luciano Floridi, chama isso de inteligência flexível, o que reúne entendimento além de apontamento sistêmico de dados. Há uma capacidade de entendimento e habilidades semânticas profundas. A preocupação não deve ser sobre o papel das máquinas, mas, sim, qual será o nosso papel diante as máquinas.  

Daniel Kahneman é um teórico da finança comportamental, a qual, combina a economia com a ciência cognitiva para explicar o comportamento aparentemente irracional da gestão do risco pelos seres humanos. Ele acredita que a cognição será incorporada e precisamos pensar com o corpo, não com o cérebro. Ele propõe uma outra maneira de pensar sobre máquinas inteligentes. “Quando pensar em inteligência social, emocional ou intelectual pensamos em humanos. Quando pensar em inteligência artificial pensamos em máquinas.” Mas, o progresso tecnológico exponencial eliminará principalmente nossas tarefas e muitos empregos deixarão de existir. Ou mais do que isso, talvez nós não precisamos mais pensar (Stop Thinking). Já parou para pensar sobre os efeitos colaterais?  

Uma pequena amostra disso é a geração de conteúdo a partir de robôs ou sistemas para compartilhamento em massa de notícias falsas, ou que ferem as leis de propriedade intelectual. Quem nasceu com o propósito de organizar conteúdo na rede, pode simplesmente se perder. Se é que isso já não aconteceu. Para ter o seu conteúdo bem posicionado num sistema de busca você precisa entender mais de tecnologia do que do assunto em si. As notícias falsas crescem exponencialmente, enquanto nas redes sociais as diferenças afastam pessoas. Já não conseguimos conviver com opiniões diferentes. Julgamos e bloqueamos formas diferentes de pensamentos.  

Bolhas de filtro e isolamento social são alguns dos efeitos da era dos dados, além da manipulação humana. Todos somos mídias e formadores de opinião produzindo dados que serão analisados por tecnologias, rotulados e prospectados de acordo com as nossas práticas e comportamento. A interatividade talvez seja coisa do passado e o que veremos a nossa frente são propostas inteligentes na ordem e no tempo a ser consumido.  

E se tudo vira mídia, ao invés do fim da televisão, teremos uma nova inteligência para colocar a programação na sequência e no tempo de cada “persona”. É como ter um sistema inteligente que organiza a sequência do conteúdo a partir de dados. A confluência levará grupos de personas a um mesmo ponto. A discussão sobre a consequência do uso de dados continua. Quem estará no controle da ética? 

Potter Stewart foi Juiz Associado da Suprema Corte dos Estados Unidos e tem uma definição interessante. “A ética é conhecer a diferença entre o que você tem direito (ou o poder) de fazer e o que é o certo para fazer”.  

Você certamente conhece histórias de negócios que deixaram de existir. A transformação nos negócios elimina cada vez mais as intermediações. A sociedade vem adquirindo novos hábitos de consumo e respondendo aos estímulos das tecnologias. Se as máquinas se falam e resolvem problemas a partir de AI, podemos prever que algumas gerações a frente não saberão dirigir um carro da mesma forma como fazemos hoje. E assim, um carro não precisará de itens como retrovisores. Ou, podemos ainda, dizer que o seguro de automóvel está fadado a morrer. Sim, com máquinas evitando acidentes, para serviria o seguro? Você pode pensar, sobre roubos? Com a tecnologia, podemos dizer: Se eu consigo trazer um drone de volta, poderia sobre uma condição de emergência, levar o veículo a uma delegacia de polícia mais próxima.  

Hoje parece óbvio ver o que aconteceu com a indústria fonográfica e dizer que o seu fim, como mídia física era certa. Do começo com o cilindro fonográfico (1877) passando pelo discos de vinil (1948) vimos a troca pela a invenção dos compact discs (1982), e depois a substituição pelos áudios digitais do Napster e do Ipod (2001). A transformação de um segmento não parou por aí e em 2008, o Spotify cria um novo serviço de música comercial em streaming. Mas, será que foi a tecnologia a principal responsável por essas transformações? Será que as empresas não tinham a melhor tecnologia para produção de mídias? Ou será que a transformação aconteceu a partir do propósito? Fazer algo para entregar música melhor, mais rápido e mais barato. E esse não é o único caso. Vivemos sobre o eixo da transformação de muitos segmentos e praticamente sem fronteiras. Hoje, estamos conectados possivelmente a bilhões de pessoas e produtos. Basta estar conectados para consumir um estudo que levaria anos para chegar até aqui ou um produto que foi produzido hoje cedo na Asia. Mas, uma coisa é certa e segundo Jack Ma, fundador do grupo Alibaba, “Não é tecnologia que muda o mundo, mas os sonhos por trás dessa tecnologia”. 

Os princípios da Inteligência Artificial  

Se você ainda não chegou a pensar como a Inteligência Artificial estará inserida no seu negócio, ou acredita que é algo distante e inatingível. Atenção! É fundamental pensar nas possibilidades aplicadas ao seu negócio, bem como, ter um entendimento amplo e se possível sem julgamentos. A tecnologia vai acelerar cada vez mais o tempo das coisas e muitas etapas deixarão de existir. Porém, o uso sem controle tira os privilégios da vida. No filme Click (2006), do diretor Steve Koren, o personagem de Adam Sandler, um arquiteto, casado e com filhos, está cada vez mais frustrado por passar a maior parte de seu tempo trabalhando. Um dia, ele encontra um inventor excêntrico que lhe dá um controle remoto universal, com capacidade de acelerar o tempo. No início, ele usa o aparelho para acelerar qualquer momento tedioso, mas se dá conta de que está acelerando o tempo demais, deixando de viver preciosos momentos em família. Desesperado, ele procura o inventor para ajudá-lo a reverter o que fez. 

Pouco mais de uma década, começamos ver a Inteligência Artificial praticada por algumas empresas. O uso dos dados, algoritmos e tecnologia faz empresas ricas cada vez mais ricas. Uma minoria dos esforços produz a maioria dos resultados. Segundo dados da Statista, as empresas com AI (Inteligência artificial) valem mais do que as empresas de Energia, Óleo, Bancos e Indústrias. Na prática, Apple, Alphabet, Microsoft, Amazon, valem mais que a Exxon Mobil. Dados se tornaram o novo óleo que alimenta a inteligência artificial e IoT (Internet das coisas). Mas, o caminho tem que ser impessoal. Pelo contrário, é preciso respeitar os valores humanos, bem como ideais de dignidade, liberdade e diversidade cultural. Do contrário, haverá uma corrida de armas, que trará riscos existenciais. Em resumo, o instituto Future of Life (futureoflife.org), questiona se o uso da tecnologia trará novas formas de viver ou, será utilizada para nos autodestruir.  

Mas antes, o entendimento definirá o futuro de cada organização. Investir na humanidade está se tornando tão importante quanto investir em tecnologia. O futurólogo Gerd propõe uma abordagem holística sobre os efeitos das externalidades, construir ecossistemas equilibrados, aceitar a interdependência, investir em algoritmos e tecnologias exponenciais. Tudo isso tem causado uma transformação societária e portanto deve prover o crescimento humano. A administração sábia é essencial para o nosso futuro. A proatividade deve estar alinhada com a precaução. E finaliza dizendo que precisamos definir um novo “controle missionário global para a humanidade”! 

As 10 melhores habilidades apresentados no World Economic Forum: 

• 1. Solução de problemas complexos; 

• 2. Pensamento crítico; 

• 3. Criatividade; 

• 4. Gestão de Pessoas; 

• 5. Coordenando com os outros; 

• 6. Inteligência emocional; 

• 7. Julgamento e interpretação; 

• 8. orientação de serviço; 

• 9. Negociação; 

• 10. Flexibilidade de conhecimento; 

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Novembro 2024

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