Eu tenho dois filhos, um de 15 e um de 12 anos. O mais novo, de tempos em tempos, solta uma daquelas perguntas que faz a casa inteira parar para pensar. Há um ano ele perguntou se era possível resolver os problemas do mundo dando dinheiro para todo mundo. Havia muitas vertentes possíveis para a resposta, mas eu escolhi o caminho do valor para responder.
Como é que você vai ter dinheiro para dar para todos? E ele respondeu: notas não é só papel impresso que alguém imprimiu? Eu confirmei e ele, no auge de sua sabedoria de 12 anos sugeriu que se imprimisse dinheiro e distribuísse para todos, então eu expliquei para ele que existe uma grande diferença entre a nota de papel e o valor da nota, e que se apenas imprimíssemos dinheiro para todos, então esse dinheiro perderia o seu valor. Ele claramente não entendeu e eu pensei em mim mesmo, anos atrás, quando também não entendia esse conceito.
Eu poderia é claro dar a ele a resposta de um economista, que o valor do dinheiro está atrelado ao que é comprado ou vendido no país, mas a minha mente voltou para 2009, quando eu era um dos fundadores da Tarpon, muito mais jovem e trabalhando até 16, 17 horas por dia, e então, com um patrimônio que seria o suficiente para assegurar 3 ou 4 gerações, tivemos a ideia de unir duas grandes companhias brasileiras. Trabalhei nessa fusão entre finais de semana e feriados como a sexta-feira santa até tarde, sábado fiquei no escritório, e domingo pela manhã, quando cheguei em casa, a cena dos meus filhos e esposa no sofá, abrindo os ovos de Páscoa, fez com que me desse conta que aquele momento tinha mais valor para mim do que qualquer rendimento, empresas ou fundos de investimentos que eu tivesse.
Valor é a qualidade, é a nobreza de um objeto ou de uma pessoa. Quanto mais qualidade, quanto mais nobreza, mais valor tem aquele objeto, aquele momento ou aquela pessoa. E essa foi a resposta que escolhi dar ao meu filho, e como eu esperava, funcionou muito bem, ele me olhou e balançou a cabeça concordando, mas como qualquer um com filhos sabe, a curiosidade das crianças não tem um fim conhecido, e ele já emendou em outra pergunta: mas então, como se faz isso, como se gera valor?
Percebi que essa conversa estava tomando um ar muito mais denso, e vi ali uma nova oportunidade para ensinar alguma coisa para o meu filho, lhe ensinei que um dia, ele cresceria e poderia perguntar para as pessoas o que elas mais queriam na vida, experimente perguntar para os seus amigos, e ainda, poderia perguntar para outras pessoas, então saberia que as pessoas buscam felicidade, mas nem sempre sabem comunicar isso.
As pessoas comunicam isso em 3 setores: dinheiro, amor e saúde. Geralmente as pessoas traduzem em felicidade alcançar essas 3 esferas de vida e obter o que desejam nessas áreas. O que normalmente complica a vida das pessoas é fazer, como eu fiz há muito tempo, a escolha de priorizar apenas um desses pilares em detrimento dos outros. Assim o equilíbrio é a chave para a felicidade.
Mas eu acredito que o que gera valor para todos, está muito mais ligado a grandiosidade de pequenos atos do que a atos grandiosos. Por exemplo: meu filho poderia entrar no banheiro aqui de casa, no de alguém ou em um banheiro público e encontraria situações diferentes, mas quando saísse desse banheiro poderia deixar para trás um lugar melhor, pior ou igual e o benefício disso viria depois, poderia ter construído aquele espaço melhor. Assim é também com pessoas: ao encontrar alguém e manter uma conversa, ela poderá lhe deixar melhor, pior ou igual, o que vale é tentar, sempre, fazer com que ela saia da mesma conversa, muito melhor. Isso certamente tornará o mundo um lugar mais aprazível.
Assim como eu espero que todos vocês saiam dessa leitura, melhores do que entraram.
