Há cerca de dez anos, talvez o nosso maior sonho como cidadãos era o de ver políticos corruptos condenados e que nossa voz tivesse eco para os eleitos pensassem muito antes de fazer o que bem entendem com o nosso dinheiro. O mesmo acontece com o eco dos clientes nas redes sociais para expressar o que realmente esperam de uma marca. Então, vamos refletir sobre o que chamamos de crise. Tudo o que vem acontecendo na política, e no relacionamento entre clientes e marcas, é uma mudança significativa, “um sonho”, como bem disse Mariano Gomide, CEO da Vtex, uma das mais respeitadas plataformas de e-commerce. E aí vai uma diferença grande do que entendemos por crise. Crise de verdade talvez seja quando nada mais temos a fazer diante do infortúnio, da devastação total, como aconteceu na Alemanha, ao final da Segunda Guerra Mundial.
Para o especialista Brian Tracy, o cliente talvez não queira mais comprar os nossos produtos, no formato em que sempre foram comercializados. Em vez de comprar, talvez agora queira apenas pagar pelo uso – como acontece no Uber, cuja demanda já ultrapassa 1 milhão de corridas por mês. A publicidade digital cresce a passos largos, ainda que os resultados sejam contraditórios para muitos que ainda se apegam à aquisição de “likes”. Mas criar relacionamento com potenciais clientes, sem o uso de uma boa tecnologia, gera dúvidas se as empresas de fato conhecem o mercado em que atuam.
Medir a participação e o posicionamento tem se tornado uma tarefa árdua. Agimos, reagimos e esquecemos de pensar o negócio. Vemos um enorme desperdício de energia e dinheiro por gente que quer fazer mais com menos. Gente que encara a fase como uma crise acirrada, e deixa de investir, esperando pelo momento em que esses tempos difíceis passem. Será que essa é a melhor alternativa agora? Eu também cheguei a acreditar que esse momento de baixa fosse uma crise cíclica. Mas me questiono se o que essas pessoas e empresas apresentam não é, na verdade, uma resistência férrea diante da necessidade de mudança.
Os cenários mudam, continuarão mudando (a única certeza é a mudança), e precisamos nos reinventar, investir para que haja inovação e assertividade nas tomadas de decisão. Os grandes grupos de digital já olham para o mundo offline das lojas como uma tática para entregar resultados, e os modelos de publicidade se reinventam para atender à exposição da marca com estratégias de “branding”. O desafio é inserir as nossas empresas no conceito “Omnichanel” e aumentar a percepção para o que realmente importa.
Os novos tempos exigem uma reflexão com dose de coragem para investir naquilo que vale a pena – e fechar aquilo que não mais faz sentido. Então, que tal começar esse entendimento com uma história sobre o uso do marketing direto como ferramenta de relacionamento? Imagine mapear quem seria o seu cliente ideal, descobrir onde ele está e entregar uma proposta de valor ou promoção… Nesta edição, tenho o prazer de apresentar a entrevista com Pedro Henrique Camiloti, da Laborprint. Ele fez um investimento significativo em tecnologia digital de impressão, mas antes pensou em como explorá-la para entregar uma vantagem competitiva real para seus clientes. Mostrou que, com um propósito sólido e baseado numa estratégia definida, não há momento ruim para investimentos. Frequentemente, são eles que transformam uma “crise” em oportunidades, evolução e cases de sucesso. Como você vai poder conferir em nossa matéria de capa.