Setor de celulose e papel deve fechar o ano com resultados inferiores a 2011
A lenta recuperação da economia americana e a crise europeia estão entre os fatores que devem influenciar o desempenho do setor de Celulose e Papel (C&P) no Brasil este ano. De acordo com previsão da Pöyry, multinacional finlandesa líder na prestação de serviços de consultoria e engenharia para o setor de celulose e papel, a indústria brasileira de C&P deve fechar 2012 com resultados inferiores aos de 2011, quando registrou produção de 14 milhões de toneladas de celulose e 10 milhões de toneladas de papel. As exportações também deverão diminuir em relação as 8,5 milhões de toneladas de celulose e 2,0 milhões de toneladas de papel exportadas em 2011.
Carlos Farinha e Silva, vice-presidente da Pöyry e conselheiro da ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel -, observa que, no longo prazo, até 2025, o mercado continuará crescendo, mas o maior índice de expansão estará concentrado na Ásia – esta região, puxada principalmente pela China, deverá responder por 90% da expansão da produção de papel e da demanda por fibra.
A previsão é que o mercado mundial tenha, até 2025, um incremento de produção de 100 milhões de toneladas no segmento de papel e um aumento de 102 milhões de toneladas no consumo de celulose, comparativamente à produção atual de papel de 398 milhões de toneladas de papel e ao consumo de 404 milhões de toneladas de fibra para papel, incluindo papel reciclado.
A Ásia, com uma produção de papel estimada em 177 milhões de toneladas em 2011, deve ampliar seu consumo em mais 86 milhões de toneladas até 2025, enquanto a demanda por fibra para papel, incluindo papel reciclado (aparas de papel), deve crescer em 88 milhões de toneladas no período, comparativamente à estimativa de 186 milhões de toneladas consumidas em 2011.
Já a América Latina, cuja produção de papel em 2011 é estimada em 20 milhões de toneladas, deve expandir essa oferta em 9 milhões de toneladas até 2025, enquanto a demanda pela fibra deve crescer nesta mesma proporção, em relação às 21,3 milhões de toneladas consumidas em 2011.
Para atender à maior demanda na América Latina, o VP da Pöyry cita como fatores-chave o plantio de novas florestas, o que se constitui em desafio face à disputa por terras entre o setor de base florestal e outras atividades do agribusiness. “A lei que limita a compra de terras por estrangeiros no País também é um obstáculo aos investimentos, e precisa ser regulamentada”, acrescenta Carlos Farinha e Silva.
Medidas para a melhoria da infraestrutura e dos custos logísticos, observa ele, são outros requisitos decisivos para se recuperar a competitividade do setor de C&P. “Por meio do programa Brasil Maior, o governo já vem adotando medidas de incentivo à indústria, como a diminuição dos encargos sociais em folha de pagamento, anunciada recentemente”, conclui Silva.