NewsWeek pode perder força como formadora de opinião
A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF Nacional) lamenta o encerramento da edição impressa de NewsWeek. A decisão deixa metade de seus leitores em todo o mundo sem acesso à revista. São mais de 500 mil pessoas que não leem a versão digital.
"O fim da edição impressa, uma tentativa de racionalizar custos, dada a imensa dificuldade financeira que tem marcado a publicação nos últimos anos, poderá causar-lhe problemas mais graves, pois o impacto perante imensa parcela de seus leitores significa um risco grande de perda de publicidade, prestígio e poder de influência como formadora de opinião pública", salienta Fabio Arruda Mortara, presidente da entidade, acrescentando: “Provavelmente, seria mais eficaz uma gestão administrativo-financeira mais eficaz do que a decisão de extinguir a versão impressa”.
Verba volant, scripta manent
Citando a frase em latim (“Palavras voam, a escrita permanece”), o presidente da ABIGRAF Nacional salienta que o fim da edição impressa de NewsWeek desafia o consenso mundial quanto à confiança depositada nos conteúdos gráficos. “Afinal, a cultura da presente civilização foi construída com tinta sobre o papel. As pessoas tendem a acreditar mais no que leem e veem nos impressos”.
Não é sem razão, acentua Mortara, que o ensaísta e escritor italiano Umberto Eco, com a autoridade que lhe confere sua biblioteca de 50 mil volumes, referenda de modo enfático a frase latina sobre a longevidade da tinta sobre o papel:
— Eletrônicos duram dez anos; livros, cinco séculos.
“Tal crença, aliás, valeu a Eco convite do colega francês Jean-Phillippe de Tonac para analisar o estimulante tema com outro irredutível e aficionado bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière. O resultado do feliz encontro foi uma interessante obra, cujo título não deixa qualquer dúvida: Não contem com o fim do livro. É ler pra crer!” — conclui o presidente da ABIGRAF.