A baixa taxa de reciclagem revela barreiras estruturais e econômicas
No Brasil, a reciclagem enfrenta desafios que limitam o reaproveitamento de materiais descartados. Estima-se que apenas 4% a 9% dos resíduos gerados sejam reciclados, conforme dados da Abrelpe, ISWA, SNIS e Ipea. Esses índices colocam o Brasil entre os países que menos reciclam no mundo, enquanto a média global é de 13,5%. Regiões como América Latina e África têm taxas semelhantes, contrastando com países desenvolvidos como Alemanha, onde o índice de reciclagem alcança 69,1%.
Fatores como a falta de infraestrutura adequada, ausência de políticas públicas eficazes e baixa conscientização dificultam avanços no setor. Apenas 20% da população tem acesso à coleta seletiva, um serviço que custa até quatro vezes mais que a coleta convencional. Além disso, catadores, responsáveis pela maior parte do material reciclado, enfrentam baixa remuneração e priorizam resíduos de maior valor comercial.
A estrutura inadequada para triagem e reaproveitamento de materiais também é um gargalo. Muitas embalagens têm design que inviabiliza a reciclagem, e o mercado ainda carece de incentivos fiscais e regulatórios para tornar o uso de materiais reciclados competitivo frente às matérias-primas virgens.
Em comparação a países de renda semelhante, como Chile e África do Sul, que reciclam cerca de 16%, o Brasil tem potencial para melhorar seus índices. Investimentos em tecnologias de triagem e processamento, além de políticas que valorizem a economia circular, podem destravar esse mercado. O setor movimenta bilhões globalmente e é uma oportunidade para o país avançar na gestão sustentável de resíduos, contribuindo para a geração de emprego e renda.