Mudança na listagem pode revalorizar ações e atrair novos investidores
A JBS anunciou a transferência de sua listagem primária para a Bolsa de Nova York, mantendo seus BDRs na B3. A decisão ainda precisa de aprovação da SEC e dos acionistas em assembleia a ser marcada. O BNDESPar, maior acionista minoritário com 20,8% do capital, já declarou que se absterá da votação como parte de um acordo com a controladora J&F Investimentos, que prevê pagamento de até R$ 500 milhões caso a valorização da ação não atinja um patamar pré-definido.
Com mais de 50% de seu faturamento nos Estados Unidos e apenas 18% no Brasil, a JBS busca ampliar sua base de investidores globais. Empresas americanas do setor, como Tyson Foods e Smithfield, negociam com múltiplos de 8,5x e 8x EBITDA, respectivamente, enquanto a Pilgrim’s Pride, controlada pela JBS, opera a 6,5x na Nasdaq. Já a JBS, na B3, negocia a 4,5x EBITDA.
A listagem nos EUA permitirá a inclusão da JBS no índice Russell 1000, e, seis meses depois, a empresa poderá pleitear vaga no S&P 500. Um dos critérios para ingressar no índice é que mais da metade das vendas sejam realizadas nos Estados Unidos, exigência que a JBS atende.
A entrada da empresa nos fundos passivos americanos pode impactar significativamente a valorização das ações. Atualmente, 60% dos investimentos no setor de proteína vêm desses fundos, mas a JBS recebe uma parcela mínima desses recursos. A Vanguard, por exemplo, tem dez vezes mais alocação na Tyson do que na JBS, enquanto a BlackRock segue uma distribuição semelhante.
A empresa segue em processo de esclarecimento de dúvidas junto à SEC, e a expectativa é que a listagem na NYSE ocorra até agosto. Na B3, a JBS está avaliada em pouco mais de R$ 72 bilhões, com alta acumulada de 40% nos últimos 12 meses. No último pregão, as ações fecharam em queda de 1,4%.