Compartilhe com sua comunidades

Paper Excellence propõe venda de terras da Eldorado para destravar acordo

Transação bilionária com a J&F depende da solução para impasse jurídico

A Paper Excellence comunicou ao Supremo Tribunal Federal que venderá todas as terras da Eldorado Celulose caso a J&F Investimentos conclua a transferência de controle da companhia. A proposta busca encerrar uma disputa judicial iniciada em 2017, envolvendo múltiplos processos.

O STF solicitou que ambas as partes apresentassem uma proposta de conciliação até a data estipulada. O embate ocorre porque a J&F alega que a aquisição da Eldorado pela Paper Excellence viola a legislação de 1971, que restringe a posse de terras brasileiras por empresas estrangeiras.

A Paper Excellence argumenta que a restrição não se aplica ao caso e que as terras próprias da Eldorado, equivalentes a 14 mil hectares, representam apenas 0,6% do valor total da aquisição. Segundo a empresa, 70% das terras são arrendadas, 25% operam sob parcerias rurais e apenas 5% são de posse direta da companhia. Como parte da solução, a Paper propôs converter as áreas arrendadas em parcerias rurais.

A disputa tem implicações para diversas multinacionais que adquiriram empresas brasileiras detentoras de terras nas últimas décadas. Entre elas estão Bunge Alimentos, que comprou o Grupo Agrofel em 2019, com 1,4 mil hectares; Tereos, que adquiriu a Guarani em 2002, dona de 954 hectares; Cargill, que comprou a Integral Nutrição Animal em 2017, com 246 mil hectares; e Louis Dreyfus, que declarou em 2020 possuir R$ 10 milhões em terras arrendadas.

A controvérsia entre Paper Excellence e J&F teve início em 2017, quando a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista colocou ativos à venda para quitar multas de acordos de leniência. A Paper Excellence concordou em pagar R$ 15 bilhões pela Eldorado em uma transação escalonada, com prazo de conclusão de 12 meses. Após desembolsar R$ 3,8 bilhões por 49% da empresa, a Paper aguardava a transferência das ações restantes.

A J&F não concluiu a transferência, e o caso foi levado à arbitragem, que decidiu a favor da Paper Excellence. A holding então recorreu à Justiça, buscando anular a decisão arbitral, o que mantém o litígio em andamento.

A questão fundiária ganhou força em 2023, quando o Incra do Mato Grosso do Sul recebeu uma denúncia anônima questionando a legalidade da compra da Eldorado pela Paper Excellence. O ex-prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, também ingressou com ação popular para suspender a venda, argumentando que a transação desrespeita as restrições impostas pela lei de 1971.

Gustavo Fleming Martins

Informação valiosa, 
no tempo certo

Assine nossa newsletter

Anúncio

Em 2005, um vídeo de 19 segundos gravado no zoológico de San Diego deu início a uma revolução digital que, duas décadas depois, movimenta bilhões de dólares. O YouTube, plataforma...
A Adobe acaba de dar um passo decisivo no mercado de geração de conteúdo com inteligência artificial ao lançar o Firefly Image Model 4 e sua versão avançada, o Image...
A franco-brasileira NetZero captou US$ 15 milhões (R$ 85 milhões) ao conquistar a segunda colocação no XPrize Carbon Removal, iniciativa global promovida pela XPrize Foundation com financiamento de US$ 100...
O Grupo Grão de Ouro, fundado nos anos 1990 em Alfenas (MG), caminha para atingir R$ 2,1 bilhões em faturamento em 2025. Em 2024, a receita consolidada da holding foi...
A Cluely, startup liderada por Roy Lee, atingiu uma receita anual de US$ 3 milhões em menos de três meses de operação com uma ferramenta baseada em inteligência artificial que...