Em 2025, o mundo vale mais do que já valeu. Não em petróleo, nem em minério, nem mesmo em ações. O que sustenta os trilhões que giram nas bolsas, nas mentes e nos desejos é aquilo que não se vê: as marcas.
Apple lidera, com seus quase 600 bilhões de dólares em valor simbólico. Mais do que o PIB de muitos países. Menos iPhones foram vendidos este ano, é verdade. Mas quem se importa? O importante é que a maçã continua mordida no imaginário do mundo.
Microsoft, Google, Amazon, todas ali, no topo, como deuses do cotidiano. Não vendem apenas produtos ou serviços. Vendem presença, onipresença, às vezes onisciência. A vida digital passa por elas como o sangue passa pelo coração. Esses dados vêm do relatório Brand Finance Global 500, publicado no início do ano, que avalia o valor das marcas baseado em força, investimento e percepção global. São mais de 175 mil entrevistas conduzidas em diversos países, em um esforço quase antropológico para medir o intangível.
E talvez o nome mais fascinante dessa história seja Nvidia. Uma empresa que, durante anos, foi apenas aquela que fazia placas de vídeo para jogos. De repente, com o avanço da inteligência artificial, ela se tornou a base do novo mundo. Saltou 98% em valor de marca num único ano. Não é mais só uma empresa: é a usina da mente das máquinas.
Pense nisso: uma empresa criada por três engenheiros em 1993, que acreditavam que o futuro estaria nos gráficos. Eles estavam certos. Mas nem mesmo eles poderiam imaginar que o gráfico que mais importaria seria o da própria curva de crescimento.
Enquanto isso, Chanel sobe com um perfume centenário. Sim, cem anos de uma fragrância que continua encantando. A intangibilidade do cheiro virou cifra: 45% de aumento no valor da marca. Um lembrete de que tradição também sabe se reinventar.
Walmart, com seus carrinhos e caixas registradoras, subiu 42%. E Google, que já sabe mais sobre você do que seu melhor amigo, cresceu 24%.
Mas nem tudo brilha. Starbucks caiu 36%. Clientes insatisfeitos, aumento de preços, uma obsessão pelo app que afastou o calor humano do café. Tesla afundou 26%. Não foi por falta de inovação, mas por excesso de barulho. Elon Musk, gênio ou vilão, começou a dividir mais do que unir. Na Europa, a reputação caiu. Nos EUA, a fidelidade ainda resiste, 90% dos donos dizem que continuarão fiéis. Mas até quando?
E aqui está o ponto: marcas são feitas de histórias, mas também de escutas. São feitas de promessas e de suas entregas. São feitas pela empresa, mas pertencem às pessoas.
Hoje, o valor das marcas, somado ao de outros ativos invisíveis, como propriedade intelectual e P&D, atinge 80 trilhões de dólares. Isso mesmo: 80 trilhões. Um número que desafia qualquer régua analógica.
Mas o que isso nos diz sobre o mundo?
Que o invisível comanda. Que o simbólico vale mais que o concreto. Que o que você sente por uma empresa, confiança, admiração, afeto ou decepção, pode valer bilhões.
Marcas são espelhos do nosso tempo. Da nossa pressa, da nossa busca por pertencimento, da nossa crença de que o futuro será resolvido por quem souber contar melhor uma história.
E, como toda boa história, ela pode mudar. Tesla pode voltar a brilhar. Starbucks pode ouvir de novo. Temu, TikTok e empresas chinesas estão aí, crescendo com fúria e graça.
Mas uma coisa é certa: quem não entender que marca se constrói todo dia, em cada gesto, vai descobrir que valor de marca também pode evaporar, como cheiro, como memória, como promessa não cumprida.
No fim, o ranking de 2025 não é apenas uma tabela. É um retrato do que o mundo valoriza. E, olhando bem, talvez seja um espelho de nós mesmos.