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Amazon quer disputar o mercado de internet via satélite com plano bilionário

Lançamento de 27 satélites marca estreia da rede Kuiper na corrida global de banda larga

A Amazon iniciará na próxima quarta-feira, 9 de abril, a implantação em larga escala de sua rede de internet via satélite com o lançamento de 27 unidades do Projeto Kuiper a partir da Estação da Força Espacial do Cabo Canaveral, na Flórida. A expectativa da empresa é colocar em órbita, nos próximos anos, ao menos 3.236 satélites, em uma movimentação estratégica para competir diretamente com a Starlink, da SpaceX, atualmente líder global no setor.

A iniciativa foi anunciada em 2019 e já consumiu investimentos significativos da Amazon, que firmou contratos para o uso de até 83 foguetes com empresas como Blue Origin, Arianespace, ULA e até a própria SpaceX. Trata-se do maior pacote de lançamentos já reservado por uma companhia privada no setor aeroespacial, refletindo a aposta de Jeff Bezos em um mercado estimado em mais de US$ 250 bilhões até o final da década, segundo projeções da consultoria Morgan Stanley.

Enquanto a Starlink já opera com mais de 7 mil satélites ativos e atende cerca de 4,5 milhões de clientes em mais de 100 países, a Amazon ainda enfrenta obstáculos logísticos e técnicos. Apenas em outubro de 2023 a companhia realizou seu primeiro teste bem-sucedido com dois protótipos. Agora, tenta acelerar a produção e o lançamento dos demais equipamentos para atender ao prazo imposto pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA, que exige que pelo menos metade da constelação esteja em órbita até julho de 2026.

O plano de crescimento da rede Kuiper exigirá que a Amazon aumente significativamente sua capacidade de produção, passando do atual ritmo de dois satélites por mês para aproximadamente dois por dia. Especialistas apontam que a escalada industrial será um dos maiores desafios do projeto. “Se eles levaram até 15 meses para fabricar 27 satélites, será necessário um esforço monumental para atingir os mais de 3 mil planejados dentro do prazo”, observou Armand Musey, presidente da consultoria Summit Ridge Group.

Do ponto de vista comercial, a entrada da Amazon promete diversificar a oferta global de banda larga via satélite, especialmente em regiões remotas ou de difícil acesso. Também representa um alívio estratégico para governos e empresas que veem com cautela o atual domínio da Starlink, que detém mais de 60% de todos os satélites em operação e cuja atuação já gerou tensões diplomáticas em meio a conflitos geopolíticos.

A Amazon não detalhou sua estimativa de faturamento com a operação, mas analistas do setor projetam que a Kuiper poderá gerar receitas superiores a US$ 10 bilhões anuais quando atingir plena capacidade. Esse número se baseia em um mercado potencial de mais de 300 milhões de usuários ao redor do mundo, com foco em serviços de conectividade para residências, empresas, escolas e instituições públicas.

A meta inicial da empresa é tornar o serviço comercialmente disponível ainda em 2025. Até lá, a Amazon precisará equilibrar a execução técnica da constelação, o ritmo de produção e o cumprimento regulatório, em um cenário de intensa competição e alta demanda global por soluções de conectividade rápida e segura.

Gustavo Fleming Martins

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