Nova joint venture planeja expansão com foco em contratos estruturados
A gestora brasileira Alianza Asset e o fundo soberano GIC, de Cingapura, firmaram uma joint venture com o objetivo de investir R$ 2 bilhões em ativos de data center no Brasil. A maior parte do capital será aportada pelo GIC, que também deterá a fatia majoritária da operação. A parceria prevê a criação de um novo fundo dedicado exclusivamente a investimentos nesse segmento, com foco em contratos de sale and leaseback e modelos built-to-suit.
Mais da metade do montante já está direcionado a negociações em andamento que somam aproximadamente 40 megawatts em capacidade instalada. Os contratos devem ser concluídos até o final de 2025, segundo os sócios da Alianza. A estratégia envolve aquisição de ativos prontos com contratos de longo prazo firmados com operadoras hyperscale que já atuam no país.
Estudos do setor apontam para um déficit de infraestrutura frente ao crescimento da demanda impulsionada por tecnologias como nuvem, 5G e inteligência artificial. De acordo com relatório da CBRE, o Brasil possui hoje 595 megawatts de capacidade em operação e deve adicionar outros 220 megawatts ao longo de 2025. Para acompanhar o ritmo da demanda, o mercado nacional precisa multiplicar sua capacidade de sete a dez vezes até o final da década.
O movimento da Alianza se insere nesse contexto de necessidade de capital para expansão rápida. A empresa já atua no setor desde 2021, quando lançou o fundo imobiliário Alianza Digital Realty com um investimento inicial de R$ 50 milhões em uma operação de sale and leaseback com a Sky, em Santana de Parnaíba. Em 2024, ampliou sua exposição com um novo contrato de R$ 120 milhões envolvendo a Scala Data Centers, em Porto Alegre, que recebeu posteriormente mais R$ 30 milhões para expansão.
O modelo de negócios adotado foca em oferecer estrutura financeira às empresas operadoras, sem que a gestora atue diretamente como fornecedora de serviços. A proposta é garantir funding para acelerar a expansão das companhias especializadas.
O Brasil é considerado um mercado estratégico para data centers por reunir fatores como disponibilidade de energia renovável, espaço físico e conexões por cabos submarinos. Além disso, a descentralização da infraestrutura digital após a pandemia tem incentivado a dispersão geográfica de centros de dados, antes concentrados principalmente no estado da Virgínia do Norte, nos Estados Unidos.
Apesar do potencial, o país ainda enfrenta entraves regulatórios que geram incertezas para investidores estrangeiros. Um dos pontos em debate envolve a legislação sobre processamento de dados de empresas internacionais por data centers locais, o que pode interferir no ritmo de expansão e na atratividade de novos aportes.
A nova joint venture poderá consolidar os ativos já operados pela Alianza, incluindo os dois data centers em operação, no portfólio do novo fundo. Com a entrada do GIC, a operação se torna uma das maiores iniciativas recentes de capital direcionado exclusivamente para infraestrutura digital no Brasil.