O BTG Pactual anunciou a aquisição da área de wealth management da JGP, movimentação que adiciona R$ 18 bilhões em ativos sob assessoria ao portfólio do banco. A operação integra 25 novos executivos ao time do BTG, sendo 12 ex-sócios da JGP. O valor da transação não foi divulgado, mas, considerando o múltiplo aplicado na compra da operação brasileira do Julius Baer — R$ 615 milhões por R$ 61 bilhões em ativos — a operação atual poderia girar em torno de R$ 180 milhões.
A negociação foi direta, sem processo competitivo, e conduzida ao longo de quatro meses. Os principais nomes da equipe adquirida — Guilherme Araujo, Eduardo Ruhman, Patricia Varella e Eduardo Viana — assumem posições no BTG com contratos de permanência. André Jakurski, fundador da JGP, permanece na gestão da asset, mas também assume o papel de chairman do comitê de investimentos da área de family office do BTG.
Com a aquisição, a área de family office e private banking do BTG cresce cerca de 20%, saltando dos atuais R$ 100 bilhões para R$ 118 bilhões. A estrutura completa de wealth do banco, que inclui BTG Digital e fundos, chega a R$ 901 bilhões. A JGP, por sua vez, manterá R$ 27 bilhões sob gestão, com foco em fundos multimercado, ações, real estate e crédito — este último em expansão, impulsionado pelo patamar dos juros.
O movimento ocorre em meio a uma tendência de consolidação no setor. A diminuição dos fundos fechados e a migração para carteiras administradas aumentaram a complexidade operacional dos serviços de wealth, exigindo escala e tecnologia. Segundo Rogério Pessoa, head da área no BTG, a transação reforça a posição do banco como consolidador natural do setor, que já conta com infraestrutura robusta de gestão, compliance e custódia.
A estratégia do BTG inclui, além da atuação nacional, a expansão para aquisições internacionais com foco em clientes latino-americanos. Em setembro, o banco comprou a Greytown Advisors, com sede em Miami e US$ 1 bilhão em ativos. A nova aquisição da JGP segue esse racional, preservando a interface com os clientes e transferindo integralmente a gestão para o BTG, o que, segundo Jakurski, reduz o risco de perda de clientes.