A SpaceX obteve autorização da Federal Aviation Administration (FAA) para quintuplicar o número de lançamentos de seu foguete Starship a partir da base de Boca Chica, Texas, passando de 5 para até 25 lançamentos por ano. A medida libera capacidade para acelerar o programa de testes e desenvolvimento do veículo reutilizável projetado para missões interplanetárias, consolidando a Starbase como eixo estratégico para as ambições da empresa no setor aeroespacial.
O aumento no ritmo de lançamentos ocorre em um contexto de investimentos crescentes no setor espacial privado. Em 2024, o mercado global de lançamentos orbitais movimentou US$ 14,5 bilhões, com projeção de atingir US$ 30 bilhões até 2030, segundo dados da Euroconsult. A ampliação da capacidade de voo do Starship, que prevê transporte de carga e até 100 passageiros por missão, pode reposicionar a SpaceX como player dominante nas futuras operações comerciais e governamentais de longa distância.
Apesar do histórico de falhas nos voos experimentais e embates regulatórios — incluindo multas por violações ambientais e ameaças de litígio contra a própria FAA — a nova aprovação foi baseada em uma análise ambiental que concluiu não haver impacto significativo para a região, mesmo após episódios como o incêndio de 3,5 acres em 2023.
A FAA ainda ressalta que a liberação do número de voos não encerra o processo de licenciamento. Requisitos adicionais relacionados à segurança, responsabilidade financeira e carga útil ainda estão em análise. A decisão chega poucos dias após SpaceX vencer uma eleição local que oficializa Starbase como uma cidade, cujo prefeito e dois comissários eleitos são funcionários da empresa — fator que fortalece o controle da companhia sobre a governança da operação.
A presença cada vez mais verticalizada da SpaceX no Texas e os investimentos na estruturação da Starbase como município independente refletem um movimento de consolidação da empresa como ecossistema produtivo e político autônomo. No longo prazo, a nova cadência de lançamentos viabiliza o acúmulo de dados operacionais necessários para missões de maior escala e complexidade, com implicações diretas no modelo de negócios baseado em reutilização, redução de custos e viabilidade logística para Marte.