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Foxconn acelera entrada no setor automotivo e mira mercado global com Mitsubishi

A Foxconn, maior fabricante de eletroeletrônicos do mundo e responsável pela montagem da maioria dos iPhones, formalizou um acordo com a Mitsubishi para desenvolver seu primeiro carro elétrico, em um movimento estratégico que marca sua entrada definitiva no setor automotivo. O modelo será desenhado e fabricado pela Foxtron Vehicle Technologies, braço automotivo da companhia, com destino inicial aos mercados da Austrália e Nova Zelândia. A previsão de lançamento é para o segundo semestre de 2028, com produção concentrada em Taiwan.

A entrada da Foxconn em mobilidade elétrica não é recente. Desde 2019, a companhia vem desenvolvendo uma plataforma padronizada para acelerar sua presença no setor. Em 2023, apresentou veículos conceito como o Model B, assinado pelo estúdio italiano Pininfarina, porém sem desdobramentos industriais imediatos. Agora, com o acordo com a Mitsubishi, a estratégia de diversificação avança com respaldo de um parceiro com tradição em engenharia automotiva e mercado estabelecido na Ásia-Pacífico.

A movimentação ocorre em um contexto de pressão crescente sobre montadoras tradicionais, como a própria Mitsubishi, que até então apostava em modelos híbridos. A concorrência com marcas chinesas focadas exclusivamente em elétricos, como BYD e Nio, tem forçado fabricantes históricos a buscar alternativas mais ágeis e menos intensivas em capital. A terceirização da produção para a Foxconn subverte o modelo verticalizado da indústria automobilística e indica uma possível tendência de outsourcing em larga escala no setor.

Além do projeto com a Mitsubishi, a Foxconn demonstrou interesse em ampliar sua presença no setor automotivo por meio de aquisições. No fim de 2024, ventilou-se a possibilidade de a empresa comprar a participação de 38% da Renault na Nissan, com o objetivo de incorporar know-how de produção e engenharia automotiva. A iniciativa foi vista como parte da estratégia de reduzir a dependência de sua operação em smartphones, sobretudo após as tarifas impostas por Donald Trump impulsionarem a necessidade de diversificação geográfica e setorial.

Do ponto de vista financeiro, a Foxconn registrou faturamento de US$ 78,3 bilhões nos primeiros quatro meses de 2025, um crescimento de 24,5% sobre o mesmo período do ano anterior. Trata-se do melhor resultado da história da empresa para o intervalo, impulsionado principalmente pela demanda por serviços de computação em nuvem, inteligência artificial e infraestrutura digital, áreas que deverão servir de base também para os veículos conectados e autônomos que estão no radar da companhia.

A associação entre capacidade produtiva em escala, expertise em tecnologia e parcerias estratégicas posiciona a Foxconn como potencial catalisador da próxima onda de transformação no setor automotivo global.

Gustavo Fleming Martins

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