O Mercado Livre reportou lucro líquido de US$ 494 milhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 44% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida cresceu 37%, alcançando US$ 5,9 bilhões, impulsionada por uma base de 67 milhões de compradores únicos ativos — aumento de 25%, o maior avanço percentual em quatro anos. O destaque do trimestre foi a operação na Argentina, onde o volume bruto de vendas (GMV) subiu 126% e o número de itens vendidos aumentou 52%, ambos em moeda constante. Já o Mercado Pago, braço de serviços financeiros da companhia, registrou crescimento de 144% no volume total de pagamentos no país.
O desempenho argentino é atribuído a uma combinação entre fundamentos macroeconômicos mais favoráveis e uma estratégia operacional bem posicionada para absorver o aumento da demanda. Com a nova gestão do presidente Javier Milei, a inflação começa a recuar e o ambiente de negócios melhora, fatores que beneficiam diretamente o consumo online e o uso de serviços financeiros digitais. A empresa já anunciou um investimento de US$ 2,6 bilhões na Argentina ao longo de 2025, com foco em ampliação da malha logística e expansão de centros de distribuição, buscando reduzir prazos de entrega e aumentar a penetração no e-commerce.
No Brasil, o GMV cresceu 30% no trimestre, também em bases cambiais neutras. A operação brasileira segue relevante para a estratégia regional do grupo, especialmente na vertical de crédito do Mercado Pago. A carteira total de crédito cresceu 75%, atingindo US$ 7,8 bilhões. Mesmo com a Selic nos maiores níveis desde 2018, a companhia manteve a concessão de crédito ativa, apoiada em dados transacionais dos próprios usuários do marketplace, o que permite maior previsibilidade e controle de risco. Não foram observados sinais de deterioração na qualidade dos ativos.
As ações do Mercado Livre acumulam valorização de 23% no ano até 7 de maio. Com valor de mercado de US$ 115 bilhões, a empresa se consolida como a mais valiosa da América Latina, superando a Petrobras em cerca de 40%. O avanço expressivo no resultado financeiro reflete não só a escalabilidade das operações logísticas e financeiras do grupo, mas também o fortalecimento de sua capacidade de gerar crescimento em múltiplos mercados, mesmo sob condições desafiadoras.