Se você ainda pensa que vender online é apenas ter um bom produto, um preço competitivo e um site que funcione, talvez esteja enxergando só metade da paisagem. A outra metade está nos números e, mais do que estatísticas, eles revelam intenções, hábitos, estratégias. Caminhos. O novo mapa do e-commerce brasileiro foi desenhado a partir de dados da Similarweb e da Snaq. E o que ele mostra é mais do que uma disputa entre gigantes como Mercado Livre, Shopee, Amazon e Temu. Ele revela uma transformação cultural em curso. Um novo modo de comprar, impulsionado não apenas por preço ou conveniência, mas por algoritmo, experiência e… tempo.
Sim, tempo. Porque a Shopee é o e-commerce onde os consumidores mais permanecem por sessão, quase 11 minutos. Isso diz muito sobre o que de fato engaja: não é só o produto certo, é a jornada certa. É a sensação de estar em um ambiente que recompensa, que estimula, que convida a continuar.
Do outro lado, a Temu exibe a menor taxa de rejeição do mercado com 31,3%. Isso não acontece por acaso. O design é intuitivo, as ofertas surgem como se fossem feitas sob medida. A experiência é fluida. Quase inevitável. É o que acontece quando tecnologia e psicologia caminham juntas. O Mercado Livre, por sua vez, mostra força em outro ponto: 31,4% de todas as visualizações de páginas passam por lá. Isso é poder de conteúdo. É volume, relevância e presença. Uma lição sobre como construir um ecossistema completo, onde o usuário não apenas compra, mas explora. Quer outro dado que aponta para o futuro? Mais de 70% dos acessos no e-commerce brasileiro são via mobile. E no caso da Temu, esse número ultrapassa 97%. Não se trata mais de adaptar o site para o celular. Trata-se de pensar mobile desde a primeira ideia. É onde o consumidor está. E onde ele está, deve estar sua melhor versão.
E tem mais, a inteligência artificial já começa a mediar tráfego. 93,9% das visitas via IA ao Mercado Livre vêm do ChatGPT. Na Temu, 100%. O consumidor já não procura apenas no Google. Ele pergunta para um agente inteligente. E se você não é a resposta, está fora do jogo. O SEO clássico dá lugar ao AIO (AI Optimization).
O que tudo isso nos ensina? Que não há um único caminho para vender mais. Mas há sinais claros sobre os atalhos que funcionam. A boa notícia é que os dados estão aí para todos. E onde há dados, há direção. O e-commerce do futuro será de quem souber decifrar esses padrões e não apenas replicar modelos prontos. Será de quem transformar números em narrativas, e tecnologia em experiência. Porque no final das contas, não é sobre vender mais. É sobre ser lembrado. E isso, os dados já estão nos ensinando a fazer.