Mesmo com lucros em alta, gigante da tecnologia corta 4% da equipe e acende alerta sobre o futuro do Xbox e da indústria dos games
Nem nos piores momentos da onda de layoffs pós-pandemia a Microsoft havia feito cortes tão profundos. Nesta semana, a companhia anunciou o desligamento de 4% de sua força de trabalho global, cerca de 9 mil pessoas, mesmo após reportar um trimestre lucrativo. O abalo atinge várias frentes, como marketing, LinkedIn e HoloLens, mas a pancada mais sentida veio na divisão Xbox.
Com estúdios fechando, jogos em produção sendo cancelados e franquias inteiras engavetadas, o recado é claro: o Xbox, embora ainda relevante, perdeu prioridade na agenda estratégica da empresa. Em termos financeiros, isso tem explicação. No primeiro trimestre fiscal de 2025, a divisão gamer respondeu por apenas 8% da receita da Microsoft, com margens bem mais modestas que Azure e Microsoft 365, os atuais motores de crescimento.
A produção de jogos AAA, a manutenção de servidores para cloud gaming e a distribuição de conteúdo demandam altos investimentos, e agora a empresa busca redirecionar recursos para “projetos de maior impacto e retorno”. Na prática, isso significa um foco cada vez maior em inteligência artificial, onde a Microsoft vem concentrando suas maiores apostas desde a parceria com a OpenAI.
A discussão sobre o futuro do console Xbox também ganhou força. Para Laura Fryer, uma das criadoras da marca, “o hardware do Xbox está morto”. A leitura é que, assim como fez no passado ao abandonar o Windows Phone, a empresa pode gradualmente abrir mão do console físico e concentrar-se no Xbox Game Pass, transformando-se em uma provedora de serviços multiplataforma.
Enquanto isso, do outro lado da batalha gamer, a Sony anunciou um aumento nos preços de seus jogos exclusivos, sinalizando que o setor enfrenta uma nova realidade econômica e criativa. A guerra dos consoles talvez esteja dando lugar a uma nova disputa: quem domina o ecossistema de serviços?