De trading global a fábrica multimarcas, empresa liderada por Alan Goldlust quer redefinir a produção automotiva nacional
A Comexport, com receita estimada em R$ 60 bilhões para 2025, avança de trading global a protagonista do setor automotivo brasileiro, lançando a primeira fábrica multimarcas de veículos eletrificados do País. A planta, localizada em Horizonte (CE), foi adquirida da Ford em agosto do ano passado, antigo polo de produção do Troller, e reformulada com aporte de R$ 400 milhões para receber híbridos e elétricos em CKD.
O CEO Alan Goldlust revela que o primeiro modelo a sair da linha, ainda sob sigilo, mas de uma marca popular no Brasil, será apresentado nos próximos dias. A operação começará em dezembro de 2025, com capacidade inicial de 2 a 3 modelos eletrificados e potencial de escalar para 40 mil unidades anuais.
A fábrica, com 127 mil m² de área e 21 mil m² de montagem, segue o modelo de “lançadeira multimarcas”: produzirá entre 10 e 12 mil unidades de diferentes veículos por ano, otimizando custos fixos e permitindo flexibilidade industrial. Segundo Goldlust, esse formato é essencial num mercado nacional limitado em escala para operações dedicadas.
Além de montar veículos, a Comexport planeja nacionalizar gradualmente componentes, reduzindo a dependência de importações, especialmente após importações crescentes de elétricos, que representaram cerca de 500 mil unidades em 2024. A meta é tornar o Ceará um polo automotivo (“Auto Tech Zone”), reunindo indústrias de baterias, software e P&D.
A transformação da Comexport de trading para 5PL (logística integrada, serviços fiscais e financeiros, storage e financiamento) foi abrupta: de R$ 11 bi em 2020 para R$ 58 bi em 2024, um crescimento de 91 %. Com autonomia financeira, capitalizada “em três vezes o necessário”, a empresa recusa ofertas de aquisição de gigantes como XP, BTG e J&F, preferindo buscar alianças que agreguem sinergia operacional.