Após sair da recuperação judicial, a empresa lança unidade que conecta energia eólica diretamente a grandes centros de dados, um passo decisivo contra o desperdício e prejuízos bilionários
A Renova Energia, em um movimento estratégico que sinaliza seu renascimento pós-recuperação judicial, acaba de inaugurar uma unidade de negócios voltada à venda de energia eólica diretamente a data centers. Essa iniciativa chega em momento crítico, em que cortes de geração, o chamado curtailment, causaram prejuízos de R$ 1,6 bilhão às renováveis em 2024, segundo a Volt Robotics.
O primeiro contrato fechado prevê o fornecimento de 80 MW, o que representa cerca de 15 % da capacidade atual de processamento de dados do Brasil, estimada em 600 MW. O abastecimento está previsto para começar até o final do terceiro trimestre de 2025, com reflexos financeiros já no balanço deste ano. A capacidade da Renova pode chegar a 400 MW, o que a coloca como possível líder nacional nesse nicho.
A novidade veio após uma autorização inédita do Ministério de Minas e Energia (MME), que aprovou a conexão direta entre parques eólicos da Renova no Nordeste e os data centers, sem exigir análise técnica aprofundada nem portaria ministerial, um mecanismo que normalmente demanda de 12 a 14 meses. O modelo funciona como autoprodução: a energia flui direto das subestações eólicas, complementada pela rede pública apenas em momentos de baixa geração.
Com 7 GW em operação no Nordeste e uma dívida reduzida em mais de 80% desde a recuperação judicial em fevereiro de 2024, a Renova consolida seu DNA inovador no setor de renováveis. Sob a liderança do CEO Sérgio Brasil, a estratégia não substitui a geração de energia, mas abre caminho para novas receitas do tipo “energy as a service”, onde a empresa oferece infraestrutura elétrica a terceiros interessados em montar ou expandir data centers.
A iniciativa também atua como antídoto ao curtailment, agregando consumo local e reduzindo o desperdício energético no Nordeste. Com o marco legal dos data centers prestes a ser aprovado, que prevê R$ 2 tri em investimentos nos próximos dez anos, a Renova posiciona-se como protagonista dessa fase de expansão.