Vivemos um paradoxo evidente. O conhecimento nunca foi tão abundante, mas a verdade nunca esteve tão escondida. Não estamos mais na era do conhecimento… estamos na era da curadoria.
Veja as bases que alimentam a inteligência artificial. Um estudo recente mostra que mais de 40% das respostas vêm do Reddit, um fórum de debates e opiniões anônimas. Em seguida, aparecem a Wikipedia com 26%, YouTube com 23% e até o Google com 23%. Entre as fontes, estão também Yelp com 21%, Facebook com 20%, Amazon com 18% e Tripadvisor com 12%. O que isso nos diz? Que grande parte daquilo que é apresentado como “resposta” nasce de conversas casuais, avaliações de consumidores, reviews de produtos e relatos de viagens. Um mosaico de percepções pessoais tratado como dado universal.
Quando alguém pergunta a um chatbot sobre dieta, ele traz tabelas de calorias, macros e recomendações com ar científico. Mas a verdade é que esses números podem ter origem num comentário de fórum, num vídeo de influencer ou numa resenha de restaurante. A IA não mente… mas alucina. Ela gera coerência onde não existe base sólida, produzindo gráficos impecáveis de premissas frágeis.
Por isso, a era que vivemos exige mais do que acesso. Exige curadoria. Não basta ler um dado, é preciso saber de onde ele veio, se passou por revisão, se tem metodologia clara, se resiste a comparação com outras fontes. Curadoria é compliance da informação, due diligence aplicada ao conhecimento, gestão derisco no campo das ideias.
Não é quantidade de dados que gera vantagem, é qualidade curada. A empresa que constrói decisões a partir de números sem origem vai patinar. A que cuida da fonte, audita, valida e aplica com rigor… essa ganha fôlego para crescer com segurança.
A informação hoje é abundante, mas a confiança é rara. E a confiança, nesse novo tempo, é obra de quem sabe curar.