Paddy Cosgrave entrou no palco como quem acende uma chama. Não falou de lucro, de valuations ou de rodadas de investimento. Falou de algo maior, quase sagrado, a responsabilidade de existir num tempo em que o futuro não é mais promessa, é projeto coletivo.
Ele disse que pequenas ações em escala não apenas mudam indústrias, mudam a história. E nessa frase cabia tudo, o programador que cria uma linha de código que ninguém vê, o fundador que insiste mesmo sem rodadas, o cientista que acorda acreditando que pode curar o mundo.
A plateia em Lisboa estava em silêncio. Milhares de pessoas, cada uma com uma ideia que pode não mudar o planeta inteiro, mas pode mudar o destino de alguém. E talvez seja esse o ponto, o futuro não é um prêmio que recebemos por esperar, é uma obra que assinamos juntos, todos os dias.
Em 2019, quando fizemos a matéria de capa com o Web Summit, intuíamos em silêncio que aquilo seria grandioso. Ainda não sabíamos a dimensão exata, mas já sentíamos o movimento de uma era nascendo.
Paddy falou com o olhar de quem já viu o caos e entendeu que o maior avanço deste século não será tecnológico, será humano. Está na forma como decidimos tratar uns aos outros. Na coragem de construir com código, mas também com compaixão.
O Web Summit começou como uma conferência de tecnologia. Hoje é quase uma oração moderna. Um lembrete de que não herdamos o futuro, nós o co-criamos. E a cada pitch, a cada startup, a cada ideia ousada lançada ao vento, estamos de algum modo votando no mundo em que queremos viver.
Lisboa aplaudiu. E, por um instante, parecia possível acreditar que sim, o futuro pode ser brilhante se tivermos coragem suficiente para escrevê-lo juntos.