Há quem diga que o Web Summit é o termômetro do futuro… mas olhando os números do Funding Report 2025, feito em parceria com a Crunchbase, ele se parece mais com um sismógrafo, registrando em tempo real os tremores do capital de risco no planeta. Lisboa reflete empresas do mundo todo. Essa é a diferença.
De Lisboa para o mundo, o estudo mostra que 332 empresas participantes… entre startups, palestrantes e parceiros… levantaram US$ 128,8 bilhões desde o evento de 2024. É mais que o dobro dos US$ 60,6 bilhões do ano anterior. Um salto que não se explica apenas por bons pitches, mas por uma mudança de eixo no investimento global… o dinheiro está seguindo a inteligência.
E quando se fala em inteligência, leia-se IA e machine learning, o novo ativo da inovação. O relatório mostra que essas startups captaram US$ 334,6 milhões, uma alta de 360% em relação ao ano anterior. É o setor que mais cresce e o que mais concentra expectativas. Estamos diante de uma revolução tão silenciosa quanto inevitável… algoritmos que aprendem mais rápido do que os próprios fundadores.
Enquanto isso, setores que até pouco tempo reinavam, como SaaS, sustentabilidade e fintech, cedem terreno. SaaS caiu de US$ 120,9 milhões para US$ 65,7 milhões, e cleantech despencou de US$ 169,1 milhões para US$ 25,2 milhões. O mercado está escolhendo velocidade em vez de paciência. A promessa de longo prazo perdeu charme diante da urgência de resultados.
Mas o estudo revela outro movimento curioso… a expansão da fronteira da inovação para novas áreas. Healthtech e wellness, energia, e-commerce, telecomunicações e educação entraram no top 10 de indústrias que mais receberam capital. É o sinal de que o mundo pós-pandemia, mais híbrido e conectado, começa a equilibrar propósito e performance.
Entre os destaques, a portuguesa BrainR… que usa IA para otimizar fábricas de alimentos… levantou US$ 12,9 milhões. Já a Bling Energy, também europeia, captou US$ 17,4 milhões com uma proposta simples e poderosa… ajudar pessoas a reduzir suas contas de luz com monitoramento inteligente. Dois exemplos de como o Web Summit se tornou mais do que um evento… é um catalisador de histórias que começam num estande e terminam em rodadas milionárias.
O relatório também mostra que o impulso vem de baixo. Das startups classificadas no programa, 131 estão na categoria ALPHA… em estágio inicial, pré-receita, testando mercado e protótipo. Juntas, elas captaram US$ 139 milhões. São as faíscas que acendem a próxima onda. Já as scale-ups mais maduras, classificadas como GROWTH, levaram US$ 416,5 milhões, com ticket médio de US$ 21,9 milhões. A engrenagem funciona… o palco inspira, o investidor observa, e o dinheiro segue o talento.
O Web Summit e a Crunchbase 2025 Funding Report confirmam algo que sempre esteve no DNA do evento… as conexões valem tanto quanto o código. Cada café, cada painel, cada conversa improvisada é uma linha invisível no mapa do capital global. O futuro não se escreve só com tecnologia, mas com encontros que transformam ideias em ação. Um evento com poucas músicas mas um barulho para quem de fato acredita que inovação é melhorar aquilo que já existe e rápido.
Lisboa foi mais uma vez o epicentro dessa energia. E se os números servem de orientação, o que se vê é um ecossistema mais plural, mais analítico e, acima de tudo, mais consciente do seu poder de criar impacto. Porque no jogo do futuro, o que vale não é apenas quem tem mais dados, mas quem sabe o que fazer com eles.
Download: Web Summit x Crunchbase report